terça-feira, 31 de julho de 2012

Resenha - O Livro do Cemitério


Hoje terminei a leitura de mais um livro do Neil Gaiman.
Trata-se de O Livro do Cemitério, uma obra de arte em suas 330 páginas (aproximadamente, isso na versão brasileira) que já tem previsão de se tornar filme nas mãos da Disney. Em mais uma história de ambiente hostil e clima sombrio, Gaiman nos apresenta o pequeno Ninguém Owens, um garoto comum que, após perder a família num assassinato aparentemente sem explicações, é levado para um cemitério e salvo pelos fantasmas que o habitam. Crescendo naquela paisagem desolada, Nin recebe a Liberdade do Cemitério, que permite a ele utilizar parte dos poderes dos mortos.
O Livro do Cemitério, em grande parte, pode ser entendido como um livro infantil, o que não é nem de longe o marco principal de Gaiman. A história é excelente, tem um desenrolar simples e bastante criativo, algo que já não me surpreende nos textos de Gaiman, mas ela circular de maneira corriqueira sobre coisas sérias e particularmente incompreendíveis pelo garoto. Acompanhamos Nin durante seu crescimento, desde bebê até a adolescência, assistindo seus relacionamentos com os fantasmas de cada túmulo, com uma bruxa enterrada numa área proibida do cemitério, com Silas, um membro da Guarda de Honra, ao mesmo tempo que o vemos se relacionar com outras pessoas vivas enquanto descobre várias coisas surreais, muitas das quais sequer é capaz de entender, como a Dama Cinzenta, Jack e outros mais.
O ritmo dos acontecimentos é preciso, do vagaroso clima introdutório ao ápice do desfecho, e não peca em parte alguma quanto a isso. Há sempre novidades espalhadas pelas páginas, diálogos construtivos com personagens de épocas distintas e um nível baixo de mistério, brando e soturno, mas ali, presente e instigante. É claro que essa obra não escapa dos clichês, mas e daí, nenhuma escapa atualmente! O importante não é diferenciar na história a ser contada, mas sim em como você a conta, e Neil Gaiman é um especialista em arrumar infinitos modos de se contar infinitas histórias.
Com ilustrações magníficas entre suas páginas, O Livro do Cemitério é mais uma das histórias do Gaiman que me impressionou pela maneira inovadora de narrar, sem pressa, sem medo de ousar, sem receio de arriscar novidades e retomar clichês esquecidos. Ele sabe como cativar, como surpreender, como fazer de cada parte do texto fabulosamente memorável, e são poucos os autores que conseguem desenvolver essas sensações. Se tiverem a oportunidade de adquirir esse livro, o façam sem pestanejar! É uma obra que recomendo, de verdade, como todas as outras deste autor fantástico!
Até a próxima!

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