terça-feira, 21 de agosto de 2012

Resenha - O Coletor de Almas



Uma garota com poderes mágicos, que carrega consigo um artefato cujas habilidades ainda são um mistério; um homem que porta um remo e coleta almas, acompanhado de um fantasma que o auxilia em sua missão; um vulto noturno que executa reis e os decepa, guardando as cabeças como um troféu a ser ostentado.
O que tais estranhezas podem ter em comum?
É essa a história que O Coletor de Almas, o mais novo lançamento de Douglas MCT, autor da série Necrópolis e seu primeiro livro, A Fronteira das Almas, vai nos contar. Com um linguajar muito mais simples e um estilo gracioso de se narrar um conto tão sombrio quanto a franquia criada pelo autor, OCA (como foi simpaticamente abreviada) nos apresenta a Terra Oca, o primeiro ambiente a ser explorado nas páginas da trilogia As Viagens da Peregrina do Tempo e da Terra, à qual pertence este livro que aqui resenho.
E o que OCA tem de tão especial?

Ele é cativante, ainda que ríspido e chocante em certos momentos. Enquanto desbravamos o imenso e complexo mundo desenvolvido pelo autor, encontramos personalidades de passagens velozes, personagens que surgem como se saídos da terra, mas que se mostram tão importantes quanto nossos protagonistas. E por falar nos protagonistas, é impossível encontrar neles uma presença de maior importância, por mais que o título deste primeiro volume cite um dos integrantes da tríade. Cada um deles tem sua função, sua missão nesse mundo grandioso, e eles acabam por se encontrar num momento inoportuno, cuja situação parecia irremediavelmente improvável.
Deixando um pouco de lado os protagonistas, podemos encontrar o favoritismo nos personagens secundários, como citei anteriormente. Alguns surgem de súbito, outros com maior desenvolvimento, mas todos eles têm suas histórias, cada qual representando-a conforme a complexidade da região que reside ou daquilo que lhe ocorreu no passado, geralmente sujo e perverso. Entre todos os membros das "forças do mal", não encontramos um vilão em potencial, o que caracterizo como grande marco de uma obra de fantasia. Vilões são personalidades fracas, cujo sentido da vida se direciona às maldades contra aqueles que se dizem bonzinhos, mas todos nós sabemos que a vida não é bem assim. Antagonistas, estes sim são as verdadeiras lendas das páginas de um livro, e é isso o que encontramos em OCA: personagens com definições próprias de certo e errado, de justiça e caos, cujos ideais muitas vezes diferem daqueles em que os protagonistas acreditam.
E o cenário, ah, não poderia deixar de comentar sobre ele! Anteriormente, na resenha que fiz sobre Necrópolis, citei uma característica que muito admirei na escrita do Douglas: sua criatividade. Imerso num mundo de vida própria, a riqueza de detalhes que nos cercam faz com que acreditemos que tudo aquilo realmente existiu, ou existe em algum lugar por aí. Por mais que certas histórias tenham ficado para mais tarde, todas as localidades são apresentadas de maneira ágil e eficaz, cada qual com seus nomes e históricos, e os personagens que por ela passam se mostram familiares, ou dispersos, como quem reside ou explora pela primeira vez, caso em que o leitor também se encaixa.

Alguns podem apontar a falta de detalhes nas descrições como um defeito, o que eu julgaria tolice. Obviamente, em comparação com Necrópolis, OCA é mais veloz e simplório, mas isso é algo que eu acredito motivar mais leitores a se arriscar nas páginas. Alguém com tempo livre pode ler o livro em uma tarde, se motivado, no máximo dois dias. Mesmo eu, com trabalho, faculdade e textos para trabalhar, consegui terminar a obra em três dias, o que é um bom sinal. E ainda garanto, o desfecho é agradável, ainda que te deixe com um estranho gosto de curiosidade pela continuação.
Não poderia deixar de comentar sobre a capa também, um trabalho magnífico, cuja arte e o traço recordam bastante os quadrinhos de Hellboy. Fica aí minha recomendação, incitando todos aqueles que ainda não tiveram contato com o livro a adquiri-lo pela Editora Gutemberg, e assim terão uma leitura prazerosa e admirável.
Em breve estaremos recepcionando a chegada de A Batalha das Feras, o segundo volume da série Necrópolis, com data de lançamento marcada para setembro, na Fantasticon. Fico aqui na torcida pelo sucesso de mais essa obra do Douglas!
Até a próxima!

2 comentários:

  1. O Douglas MCT é mesmo f****, li recentemente A Fronteira das Almas e já to ansioso pelo lançamento da Batalha das Feras. Ainda não conhecia o Coletor de Almas, mas agora que sei vou na livraria mais próxima para ver se adquiro ele, deve ser realmente um livro e tanto.

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