domingo, 5 de agosto de 2012

Desejos de Juno - Ato 3 - Altair e o Escorpião

Retomando a postagem da Light Novel Desejos de Juno (cujos capítulos anteriores podem ser encontrados aqui: Prólogo e Reiseziel), sigo com o Capítulo 3, Altair o Escorpião, quando as coisas começam a ganhar outra forma. Espero que gostem do resultado.
Até a próxima.


Altair e o Escorpião

Derek não gostava de sua vida.
Sempre fora um garoto agitado, repleto de amigos, adorado pela família. Queria mais. Queria aventura, empolgação, histórias para contar para seus netos. Não teria isso em casa, portanto não gostava de sua vida. Precisava mudar tudo, jogar a calmaria para os ares, sentir o sabor da adrenalina.
Agora que sentia, tinha vontade de vomitar.
“Certo, vamos ver se eu entendi.”
Estava escondido atrás de árvore, arfando, o cabelo preso num rabo-de-cavalo malfeito. Tinha nas mãos uma espada longa e afiada, cintilando num verde brilhoso e atraente.
“Esta arma em minhas mãos é uma Gier, que seria algo similar a uma manifestação de sua forma astral aqui no nosso mundo. É isso mesmo, Kiara?”
“Tecnicamente. Agora que você concluiu seu Reiseziel, já pode ser considerado um Vongeist e, para isso, tem de ter a sua arma. Eu sou sua espada, Derek. Estarei ao seu lado a todo momento.”
“E com ela eu posso vencer esses monstros estranhos?”
“Tecnicamente.”
“Por que tudo é tecnicamente?”
“Porque depende de você.”
“Era esse o meu medo.”
As árvores ao seu redor foram devastadas por uma pancada veloz, a madeira plantada foi cerrada ante uma lâmina poderosa. O monstro que o perseguia parecia um polvo, mas cada um de seus tentáculos era serrilhado, movia-se como uma serra-elétrica, destruía.
Derek respirou fundo.
“Grandão, olhe para cá!” Sacudiu sua espada no alto. “Você nunca será capaz de derrotar o grande Derek!”
A criatura firmou os membros na terra deformada, aproximou-se de Derek, grunhiu com tamanha intensidade que o garoto foi arremessado para trás, chocando-se contra a parede de uma casa, que trincou.
Ergueu-se.
“É melhor chamar esse tal de grande Derek para nos ajudar”, zombou Kiara.
“Engraçadinha.”
Derek fugiu, pois aquilo era o melhor que poderia fazer naquele momento. Ainda não entendia seus poderes, ainda não sabia usar sua arma. Era uma criança numa batalha de titãs. Aceitou a oferta de Kiara por ter um desejo a ser feito, mas não sabia que seria tão perigoso. Naquele ponto, pensava se realmente valera a pena.
Como as coisas poderiam piorar?
Fácil: quando um segundo monstro cai à sua frente, perseguindo um Vongeist tão inexperiente quanto ele próprio.

***

Dylan viu-se morrer dez vezes, uma para cada andar que passou em queda. Quando se aproximou do solo, fechou os olhos, esperou pela dor infernal que levaria suas pernas, mas ela não veio. Estava de pé, num pouso preciso, pronto para enfrentar o ser que rugia atrás de si.
Talvez não tanto. Ao menos, estava pronto para fugir, se necessário.
“Eu sobrevivi a uma queda de onze andares!”, repetia para si mesmo, enquanto corria. “As coisas realmente estão ficando estranhas.”
“Já disse, você não é um humano comum, Dylan. Não tem de se preocupar com essas limitações. Você é um Vongeist agora.”
“Como se fosse fácil se acostumar assim!”
“Cuidado!”
Dylan saltou, tinha reflexos apurados graças ao Armor Boxing, evitou a morte iminente ao se esquivar de uma pancada violenta.
“Que monstro é esse?”
“É um Guardião.”
“Um Guardião?”
“Sim. Sempre que Juno está presente, estes monstros aparecem, protegendo-a. Ela sabe que é desejada, muita gente se envolve nesta caça. Os Guardiões a defendem dos Vongeist e dos demais interessados em suas recompensas.”
“E o que devemos fazer com esse Guardião?”
“Enfrentá-lo seria uma boa opção.”
Dylan parou, ergueu os punhos. As luvas cintilaram. O felino rugiu, e isto foi o bastante para forçá-lo a voltar a fugir.
“Impossível, eu sinto muito.”
“Você tem que enfrentar esse Guardião, Dylan. Você pode vencê-lo, não se deixe amedrontar! Estou ao seu lado, na forma de luvas especiais, canalizadoras de energia. Chame-as de Gier. Elas são as responsáveis por seu Seiren!”
“Meu o quê?”
“Sua energia!”
“Ah, claro.”
O felino saltou, Dylan se esquivou mais uma vez. Ouviu estrondos à frente, não podia parar para pensar. Continuou a correr. Esquivou-se de um terceiro ataque, viu um homem correr. Carregava uma espada.
Atrás dele, um monstro tão enorme e bizarro quanto aquele que o perseguia.
Juntos, ambos tiveram a mesma reação.
“Merda.”
“Quem é você?”
“Meu nome é Dylan, e o seu?”
“Eu sou Derek! Você também tem uma Gier?”
“O quê?” Lembrou-se das luvas. “Ah, sim, tenho. Sabe enfrentar essas coisas?”
“Nem imagino. Sabe correr?”
Fez que sim.
“Então corra!”

***

A Gier de Allana era uma lança muito maior que os seus braços.
Ela não sabia lutar com precisão, não era a melhor dos Vongeist. Todos eram iniciantes, e assim era ela também, recentemente descobrindo seus poderes. A diferença é que Allana não tinha medo. Não tinha nada a perder. Em sua mente, nada era insubstituível, nada era grandioso demais a ponto de não ser trocado por algo de maior valor. O mundo era apenas ela, e Liam. Nada mais era necessário.
Pisava no corpo de um Guardião, fulminado por seu Seiren.
“Você foi muito bem, irmãzinha.”
“Graças a você, Liam.”
“Essa vitória é sua. Não posso nem mesmo dividir as gratificações por seu talento. Vamos continuar assim, derrubar todos aqueles que entrarem em nosso caminho! Vamos comemorar juntos quando a vitória completa for nossa, quando tivermos Juno somente para nós!”
“Liam, Liam, não seja precipitado! Ainda temos um longo caminho para percorrer! E você sabe, existem muitos outros Vongeist por aí.”
Passando por uma rua turbulenta, Allana viu Derek e Dylan fugindo. Riu alto.
“Mas nenhum deles é valente como você, irmãzinha.”
“Talvez não sejam mesmo.”
“Nossa preocupação não são os Vongeist. Os outros são muito piores.”
“Aquelas pessoas da Vergess?”
“Exatamente. Elas são as piores. Não são inexperientes, Allana, e são cruéis. Você tem que tomar muito cuidado com elas!”
“Espere!” Allana ergueu um dos braços, farejou o ar. Algo estava diferente. Algo cheirava a entidade. “Juno está aqui. Ela está por perto!”
“Isso explica os Guardiões!”
“Vamos atrás dela!”
E foram. Alguém a observava.
Davinia deixou seu esconderijo sem se preocupar. Era talentosa, especialista em se esconder. Evitou durante anos a perseguição de Kilian, muito mais atento e poderoso do que uma simples Vongeist.
Mas aquela não era uma simples Vongeist.
“Aquela garota me é familiar.”
“Vai persegui-la?”
Davinia nunca era pega de surpresa. Sempre sabia quem estava por perto, quem estava ao seu lado, quem estava a seguindo. Somente uma pessoa era capaz de surpreendê-la daquela maneira.
“Altair.”
“Você nunca consegue me pressentir, não é?”
Altair saiu das sombras. Parte homem, parte ave, camuflava-se na escuridão com suas penas escuras, os olhos de rapina sempre prontos para avistar qualquer coisa.
“Sei que é você quando sinto o cheiro de pássaro.”
“Tenho andado perfumado, Davinia. Não venha me zombar por mau-cheiro. Voltando ao nosso assunto: não vai persegui-la?”
“Não sei quem ela é. Tenho a estranha sensação de familiaridade, mas não me recordo.”
“Que pena. Te ajudaria, mas tenho outra pessoa para observar.”
“Um Vongeist?”
“Sim. Uma herança.”
Davinia se espantou.
“Herança?”
“Exato. Muito me interessa este garoto. Quem sabe não possa lhe ensinar algumas coisas? Se seguir os passos dos pais, certamente terá potencial. Vamos ver o que o futuro nos reserva.”
Altair acenou uma última vez, então deu as costas a Davinia.
“Espere.”
“Pois não?”
Davinia hesitou.
“Você nunca mais a viu, Altair? Nunca mais ouviu falar de seu paradeiro?”
Altair pareceu perturbado, mas disfarçou. Era excelente em disfarce.
“Se está se referindo a Alicia, não. Infelizmente, nunca mais ouvi falar dela. Acredito que tenhamos de aceitar sua perda, Davinia. Já faz muito tempo. As coisas não costumam ser assim.”
Despediu-se e desapareceu nas sombras, deixando Davinia cabisbaixa.

***

Dylan e Derek estavam cercados.
Fugiram até que suas pernas não mais lhe respondessem, em vão. Não conseguiram despistar os Guardiões, nem mesmo os cansaram. Estavam lá, o felino de três caudas e o polvo de tentáculos serrilhados, bizarros e assustadores, ameaçando-os com suas presenças.
“O que faremos agora?”
Dylan ergueu os punhos.
“Ah, claro, a melhor das decisões! Vamos socá-los até a morte, como se fôssemos campeões de Armor Boxing!”
“Eu sou um campeão.”
“Como disse? Espera aí, Dylan? Dylan Lorenzo? Não acredito, cara, você é uma lenda de Ylenia!”
“E de que adianta me dizer isso agora?”
“Realmente.”
O monstro de diversas caudas se aproximou num ataque, Dylan se defendeu. Empurrou-o para trás com as mãos, usando uma força superior à costumeira. Esperou pelo próximo golpe, tentou se concentrar, ver tudo em câmera lenta, como sempre fizera com seus adversários. Falhou. O golpe o atingiu em cheio, mas não o derrubou. Resistindo à pancada, Dylan se livrou da pata, abrindo a guarda da criatura. Esticou o braço ao limite, despejou-o como um martelo, o impacto estrondou.
Não foi o suficiente.
“Merda.”
“Não pode enxergar essas criaturas do mesmo modo que enxerga os homens, Dylan”, alertou Oriol, um pouco tarde. “Eles são superiores, imunes a esse tipo de efeito.”
“O que sugere?”
“Que aprenda a usar sua verdadeira força.”
“Com quem você está falando?”, perguntou Derek.
“Com o meu Uberein. Você não tem um?”
“Tenho, mas não sabia que você tinha. Eles são estranhos, não é?”
Ambos precisaram se jogar para os lados para evitar a destruição criada por tentáculos descontrolados.
“Vamos deixar a conversa para depois. Precisamos pensar em algo, e rápido!”
“Por que estão assustados?”
Os Guardiões cessaram os ataques. Era como se tivessem encontrado um brinquedo melhor para golpear, um oponente mais digno de suas forças. Dylan e Derek viram, ao mesmo tempo, um homem se aproximar do outro lado da rua. Parecia comum, de pele bronzeada e exótica, mas logo perceberam que ele tinha penas.
“Os Guardiões, assim como muitos outros seres, usam do medo de seus adversários para se fortalecerem.”
“Quem é você?”, perguntou Dylan.
“Não estaria preocupado com o nome de quem pretende me salvar. De qualquer forma, me chamo Altair. É um prazer conhecê-los.”
E, dizendo isso, exterminou as duas criaturas num piscar de olhos.
“O que aconteceu?!”
Derek parecia impressionado. Era impossível entender o que aquele homem-ave fizera aos monstros, mas ambos os corpos grotescos e poderosos estavam lá, partidos ao meio por uma força maior.
“Já enfrentei muitos Guardiões em minha vida, meu amigo. Estes dois não foram os piores, nem de longe!”
“Obrigado por nos salvar, Altair.”
“Sem problemas. Agora, será que eu poderia saber o nome de vocês?”
“Me chamo Dylan Lorenzo.”
“Sou Derek Renesmee.”
Altair refletiu consigo mesmo. Suas suspeitas estavam corretas.
“Pois bem, sejam bem-vindos ao novo mundo, garotos. Sei que não deve ser fácil acreditar em todas essas coisas de imediato, mas vocês vão se acostumar. Sei como funciona. Experiência própria.”
“Você também é um Vongeist, Altair?”, perguntou Derek, curioso.
“Creio que não. Sou algo diferente de um Vongeist. Estamos envolvidos nas mesmas situações, entretanto.”
Dylan sentia algo estranho em relação àquele homem.
“Por que nos ajudou?”
“Preferia que eu tivesse os abandonado para morrer?”
Obviamente não, mas algo estava errado. Fugir em conjunto parecia uma boa opção, mas ajudar os outros? Se Dylan estava entendendo bem aquela situação, apenas uma pessoa era capaz de alcançar Juno, o maior objetivo daquela loucura toda. Por que uma pessoa ajudaria outra, sabendo que estaria preservando concorrência para dias futuros? Era algo estranho para se imaginar, mas Dylan não conseguiu se livrar daquele tipo de pensamento.
“Não. Agradeço mais uma vez.”
Altair sorriu. Era estranho ver um meio-pássaro sorrir daquele jeito.
“É uma pena, mas Juno já se foi. Não a encontraremos esta noite.”
“O que deve ser algo bom!”, Derek pensou alto. “Teremos algum tempo para pensar, acredito.”
“Praticamente. Se não se incomodarem, serei voluntário a lhes explicar algumas coisas sobre Juno e os Guardiões, entre outras dúvidas que possam surgir. Acredito que estejam confusos, como um dia eu fiquei. Este mundo é complexo e problemático, muito diferente do que costumamos imaginar. Quando se expande os horizontes, é difícil aceitar as mudanças. Ficarei feliz se puder ajudar.”
“Seria de grande valia, certamente.”
“Bom, Dylan Lorenzo e Derek Renesmee, aconselho sairmos daqui. As ruas não são seguras quando Juno está por perto.”
Então, aplausos.
Altair se espantou, o que de certo modo assustou Dylan e Derek. Não havia monstros nem nada de incomum, apenas um homem peculiar, vestido num sobretudo exótico e espalhafatoso. Algo parecia se mover em suas costas com rebeldia. Ao seu lado havia uma mulher loura, de garras e presas douradas.
“Vejo que as coisas não mudaram muito desde os dias passados.”
“Ioritz!”
“Surpreso, Altair?”
“Negativamente.”
Âmbar achou graça.
“Que falta de educação a sua! Falando assim na frente destes garotos, fará com que pensem errado de minha pessoa.”
“Nem mesmo a mais errada das mentes consegue imaginar o que você é capaz de fazer, Ioritz.”
O escorpião riu alto.
“Eleve minha fama, ave.”
“O que quer aqui?”
“Estava em minha caçada, mas sinto que Juno já não mais está entre nós. Parece que terei de contar mais um dia como perdido, infelizmente. Entretanto, é gratificante encontrar pessoas de tamanha importância em meu caminho.”
“Do que está falando?”
“Não se faça de desentendido, Altair”, Ioritz quase gritou, parecendo ameaçador. “Sabe da herança. Está aqui por causa dela. É interessante para você, pássaro?”
“Não sou uma peça num tabuleiro, diferente de você.”
“Torço apenas para que não faça deste garoto um brinquedo. Não vou incomodá-lo neste momento, meu caro, deixarei que fuja. Estou apenas de passagem, acenando para um herdeiro que me traz boas recordações. E más, também, como há de ser.”
Altair abriu os braços, uma neblina envolveu seu corpo, juntamente com Derek e Dylan.
“Sequer apresentou Âmbar, ave mal-educada. Na próxima vez, eu farei as mesuras, Altair. Este não é um adeus. Logo nos encontraremos novamente. Não sintam saudades, garotos. A saudade enfraquece.”
E a névoa os consumiu até que nada daquela paisagem restasse. Num último segundo, Dylan poderia jurar ter visto uma cauda de escorpião circundar o corpo de Ioritz, mas achou melhor ignorar o assunto.

***

Davinia não estava tão longe dali.
Vira quando Altair carregou Dylan e Derek para longe, evitando um confronto direto contra Ioritz. Uma atitude bem pensada, tinha de admitir. Não era o caso enfrentar o escorpião naquele momento, protegendo iniciantes tolos enquanto luta. A fuga era a melhor opção, mesmo para um velho sábio da guerra como Altair.
Ioritz e Âmbar conversaram algumas coisas antes de partirem. Não perceberam a presença de Davinia, ou fingiram não perceber. Ela não era importante, no fim. Apenas uma pessoa sempre a notava, e sempre fazia questão de demonstrar isso.
Kilian.
“Não gosto de escorpiões.”
Sibilava.
“Estranhos. São ambos parecidos.”
“Havia uma outra mulher, antes de você. Um dia, ela me disse que éramos parecidos. Chamou-nos de Veneno e Peçonha.”
“Que interessante.”
“Eu a matei.”
“Não estou interessada em suas histórias, Kilian, sinto muito. Guarde sua carência para quem se importa.”
“Sei bem no que você está interessada, Davinia.”
A víbora apontou para uma rua distante, lá estava Allana. Parecia falar sozinha, mas falava com seu Uberein, a Gier na forma de uma lança grandiosa. Ela matara um Guardião, enquanto outros Vongeist fugiam, morriam tentando. Tão inexperiente quanto qualquer um, mas sem medo. O medo os fortalecia. Allana era superior.
“O que pretende fazer com ela?”
“Não pretendo fazer nada. Sou indiferente quanto àquela pessoa. Tenho meus próprios interesses para cuidar. No entanto, gosto de observar. Gosto de estar envolvida com esses assuntos, sabe? E, cá entre nós, caso não demonstre seu interesse rapidamente, vai perder a oportunidade.”
Kilian mostrou um arranha-céu mais próximo, havia duas silhuetas no terraço. Idênticas, infantis, belas, observando Allana treinar seus próprios movimentos.
Luna e Coral.
“O que essas garotas querem com aquela Vongeist?”
“Você sabe que eles não estão parados, Davinia. Estão inquietos, espreitando as ações, esperando pelo melhor momento. Há muitos bonecos nesta batalha. Os jogadores precisam ter cuidado, ou o jogo ficará muito mais perigoso do que deveria ser.”
Davinia assentiu. Viu quando Luna e Coral saltaram do prédio, caíram como plumas no asfalto das ruas de Ylenia, cercaram Allana. A Vongeist esticou sua arma, preparou-se para o combate, as gêmeas a interceptaram, falaram alguma coisa inesperada. Allana se surpreendeu, baixou a guarda. Assentiu, caminhou até as gêmeas, entrelaçou os dedos com ambas.
“Não vai interferir?”
“Não. Talvez seja melhor para esta garota conhecer todos os lados. Ela é diferente, você sabe.”
“Tem uma história triste, mas quem não tem? Não sei se devemos tratar isso como uma diferença importante.”
“Nem todos têm histórias como a dela, Kilian. Diga o que quiser, eu me importo com esta garota. Sinto-me em dívida com ela, se preferir pensar assim. Mas vou deixá-la aprender. Vejamos o que ela pensa sobre Vergess, sobre Elizei. Talvez ela nem se lembre de tudo o que aconteceu. Pode ser uma boa coisa, no fim.”
“Ou péssima.”
“Ou péssima.”
Kilian serpenteou no lugar, sibilou com um sorriso. Tudo aquilo estava ficando interessante, no fim. Muitas situações antigas estavam retornando, não seria por completo uma nova batalha. Entretanto, havia coisas interessantes nos novos competidores. Aquela garota, o garoto da herança, as organizações, Juno. Tudo poderia mudar de uma hora para outra. Era preciso ser cauteloso, saber agir com presteza quando necessário.
Kilian sabia. Esta era sua natureza: espreitar inerte até o momento correto, para só então executar o bote.

6 comentários:


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