sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Light Novel


Olá, companheiros.
Dando sequência à série Diário de Escritor, hoje venho comentar sobre um novo tema. Algo bastante famoso no Japão, razoavelmente conhecido nos Estados Unidos e, infelizmente, desprezado no Brasil. Estou falando das Light Novel, uma espécie de livro animado, as quais admiro muito. Sem mais demoras, vamos ao texto propriamente dito.

Primeiramente, para os que desconhecem, o que é uma light novel?
De acordo com o nosso Wikipedia Br, light novels são romances com ilustrações, normalmente alvejando o público infanto-juvenil, ainda que por vezes contem histórias infantis ou adultas. No Japão, este tipo de texto tem o costume de ser publicado em folhetins, jornais e publicações semanais, para só então, conquistando o afeto do público alvo e uma rotina de boas vendas e opiniões, os diversos capítulos são reunidos numa compilação, similar a um livro. Certamente pode ser considerada uma espécie de literatura, ainda que diferente dos romances propriamente ditos. As light novels contém diversas ilustrações, transformando-se assim num livro animado, como dito anteriormente, mas nem por isso são tratadas como literatura infantil. As ilustrações retraram os personagens, algumas ações, mas não são elas as responsáveis por tirar do leitor o uso da imaginação. A função das gravuras é de ilustrar as descrições mais mirabolantes, evitando assim textos prolongados por citações de um mesmo objeto ou de uma pessoa, que serão demonstradas nas ilustrações espalhadas pelas páginas.


Tomando como base que as light novels são oriundas do Japão, é comum que suas ambientações sejam no próprio território nipônico, assim usando desenhos das paisagens que os japoneses conhecem bem. Muito mais simples do que descrever um templo que muita gente já conhece, ou citar a movimentação ao redor da estátua do Hachiko, a imagem cumpre seu papel de maneira eficaz, fazendo do texto mais dinâmico e valorizando o que mais importa nesse tipo de novela: o desenrolar do roteiro.


É comum que light novels trabalhem com um público infanto-juvenil, pois a grande maioria destas trata de temas fantásticos, ou de histórias adolescentes (romance, drama de vida, situações escolares, etc.). Também é fato que muitas das animações famosas são originadas em light novels (como Shakugan no Shana e Full Metal Panic), ou acabaram por originar alguma novela mais tarde (como Madoka Magika). Muitos também se envolvem com mangás, criados antes ou depois do lançamento destes. O relacionamento das light novels com as animações e os quadrinhos japoneses não acaba por aí: todo o clima de leveza e descontração das histórias estão presentes nas novelas, assim como a dramatização das cenas, a transcrição dos sentimentos e o exagero de certas ações. Tudo transformado em palavras e imagens, uma combinação capaz de contar histórias sem se preocupar com censuras, de esbanjar roteiros nas páginas dos folhetins e logo mais de um livro ilustrado, de contar dramas de vida ou um sci-fi fantasioso e erótico. As light novels são admiradas por poderem abusar do conteúdo que as animações têm de conter, e as palavras pesam menos do que a quadrinização de um mangá, o que torna as novelas o método preferido das histórias mais pervertidas ou grotescas.

Os Estados Unidos já se renderam às light novels, publicando oficialmente em inglês algumas novelas famosas, como .Hack//Al Buster, Ballad of a Shinigami, Slayers, Trinity Blood, Vampire Hunter D e Full Metal Alchemist. O Brasil, entretanto, ainda não parece disposto a trazer esse tipo de publicação para nossos leitores. Ainda que o sucesso seja iminente, todos conhecemos a tendência vagarosa da chegada das coisas em nossas terras, não é? Mas nem por isso somos totalmente privados deste tipo de material. Recentemente a Editora Virtual Infinitum publicou uma light novel nacional! É, isso mesmo, uma light novel produzida no Brasil! Estou falando de Elementais - O Receptáculo do Caos, escrita por Rafael Pombo e com capa de Herysson Augusto dos Santos. A Série Elementais não é de todo light novel, mas foi claramente baseada no estilo, como o próprio autor deixa bem claro, e carrega a mesma leitura simples e agradável das novelas japonesas. Fica a dica para quem quer conhecer, a novela é digital e o preço é bem acessível, confiram!
Gostou da ideia do Rafael Pombo? Quer escrever uma light novel também?
Bom, não deve ser algo complicado. Vamos analisar.
Seguindo a risca o modelo desenvolvido pelos japoneses, uma light novel gira em torno de 20000 palavras, como uma novela (noveleta) convencional. A diferença é que, graças às ilustrações e às descrições compactadas, temos muito mais espaço para contar acontecimentos e narrar fatos importantes, o que torna o roteiro muito mais trabalhoso, em termos. Não é difícil, basta um planejamento primário, que reúne a organização dos personagens, suas características e personalidades (de preferência com desenhos de cada um), as localidades onde se passará a história e o desenrolar da mesma, dividida em capítulos ou atos.
Tomando de exemplo as light novels de Trinity Blood, vemos que são doze livros, separados em duas séries de seis livros. Cada novela tem o mesmo tipo de disposição de capítulos, mas vamos analisar a primeira edição, From the Empire (Do Empério, tradução livre). Nesta primeira novela, temos a Introdução dos Personagens (um capítulo com a ilustração dos personagens que farão parte daquela história e algumas anotações para que os leitores se sintam familiarizados com os mesmos), um Prólogo (responsável por nos lançar no mundo da história, presente apenas na primeira edição) e então os capítulos propriamente ditos, Flight Night, Witch Hunt, From the Empire e Sword Dancer, encerrando com os Extras, onde existem ilustrações variadas e outras coisas escolhidas pelo autor. Então, nas próximas edições, teremos divisões semelhantes, iniciando (quase sempre) com os Personagens, e então os capítulos da história, até que se alcance o encerramento.
Viram? Não é difícil. Também não é fácil, requer organização, planejamento, controle do roteiro e auxílio de um desenhista (no meu caso, que não desenho nada, haha). Mas seria legal ver esse gênero crescer em nosso país, tendo em vista o grande mercado ocupado pelas light novel no Japão e nos Estados Unidos (e também muitas das histórias grandiosas que temos neste formato). Resta-nos esperar e torcer para que algumas editoras, como é o caso da Infinitum, abram as portas para essa linguagem que ainda não alcançou o Brasil, mas que tem tudo preparado para um sucesso garantido.
E você, o que acha das light novels? Já pensou em escrever a sua própria? Quem sabe eu não organizo alguma coisa e posto alguns capítulos aqui no blog para tentar demonstrar como seria uma novela aos moldes japoneses. É, quem sabe?
Até a próxima!

2 comentários:

  1. É a primeira vez que leio algo a respeito. E, realmente, o estilo me agradou muito. Confesso não admirar grandes descrições, o que torna a leitura lenta e de certa forma chata, na minha opinião. Ilustrações, além de enriquecerem a história e os personagens, fariam da leitura mais dinâmica e prazerosa, não acha?
    Bom, creio ser uma boa aposta para os que procuram algo diferente.
    Agora, quero saber mais sobre Elementais, hehe.
    Obrigada pela dica, Rodolfo! :)

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  2. É bem legal de se ler, pode ter certeza. Talvez poste alguma coisa similar aqui em breve, fique de olho.
    E sobre Elementais, confira sim, vale a pena e é baratinho! :)

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