quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

[A Balada do Caçador] - Epílogo

Saudações, companheiros!
Esta é a última parte da Light Novel 'A Balada do Caçador', iniciada após uma matéria sobre o gênero. Confesso que, apesar de se tratar de um projeto-demonstração, criado para demonstrar o estilo utilizado pelos japoneses, adorei bastante escrever essa história, que acabou bem diferente do planejado. Em se tratando de assuntos técnicos, planejei 6 capítulos (contando o Prólogo) e algo em torno de 20000 palavras, mas encerrei com 7 capítulos, um prólogo e um epílogo, e com apenas 14687 palavras. Na trama, por sua vez, as mudanças foram grandes, mas ainda consegui usar bastante do planejamento inicial, o que é bom. O estilo diferente de escrita é agradável, mas realmente peço desculpas pela falta de ilustrações, se conseguir um desenhista para me ajudar vou postá-las, mesmo que depois do epílogo!
Pretendo também, assim que concluir as ilustrações, organizar todo o texto e diagramá-lo, após uma revisão, para vender no site da PerSe, que trabalha com publicações independentes, como o Clube de Autores. Não vou retirá-la do site, entretanto. Vai ser uma espécie de publicação com Extras, hehe. Mas isso fica para depois.
Confiram agora o sumário e o Epílogo dessa Light Novel, a primeira escrita por mim, mas não a última. Gostei do estilo, encontrei admiradores, descobri novos horizontes. Quem sabe não conseguimos movimentar as coisas um pouco?
Espero também que tenham gostado, e que tenha sido um bom exemplo para aqueles que desejam se aventurar neste estilo agradável de novelas, retirado do Japão, muito agraciado no Estados Unidos mas, infelizmente, ainda desconhecido no Brasil. Ajudem a divulgar, comentem, critiquem. Estarão ajudando bastante!
Sem mais demoras, confira o final da história de Eloy!
O QUE SÃO LIGHT NOVELS?
PERSONAGENS
PRÓLOGO
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7



Epílogo

“Vocês ouviram os boatos?”, era a voz de uma velha estranha. “Algumas pessoas disseram ter visto um anjo sobre os prédios!”

“Ora, não diga bobagens”, disse a outra das fofoqueiras.

“Só repito o que escuto!”

“Essas pessoas são loucas”.

Eloy também acharia.

Então, ele viu um par de enormes asas brancas e plumadas, aberta sobre o corpo angelical de um ser fabuloso. Não era estonteante, mas talvez tivesse sido, algum dia. Tinha olhos lindos, estreitos, hipnotizantes.

Violetas.

“Você sabia, Eloy, que cada família tem um anjo guardião?”

Eloy estava atirado, o ferimento no peito vomitava sangue e entranhas. Morria, sem pressa, o Outro Lado permitiu que vivesse por mais alguns minutos. Abel teve o poder da Voz, não se viu feliz ainda assim. Não seria feliz de modo algum, talvez, este era seu destino. Ao menos a Voz não existiu, e Abel partiu para o mundo real, abandonando Eloy para morrer sozinho.

Mas ele não estava sozinho.

“Uma espécie de anjo da guarda?”, riu ele. Falava com dificuldade, arfando.

“Diferente disto. Um guardião, responsável por ouvir as preces, os pedidos, as rezas. Um anjo que se fortalece conforme a fé daquelas pessoas, a união, a bondade e a vontade de viver. Sabia disto, Eloy?”

“Nunca acreditei em anjos”.

“Nós existimos. Escondidos, fazemos a nossa parte sem que seja necessário aparecer. Às vezes, entretanto, precisamos nos arriscar no mundo real, ou mesmo em outros mundos, como agora. Às vezes, as preces são tão poderosas que são capazes de prender um anjo a uma pessoa, de forçá-lo a fazer o possível para que aquele desejo se torne realidade”.

Eloy tossiu sangue.

“Sua mãe tinha uma fé sem igual, Eloy. Por causa dela, você e seu irmão nasceram com dons especiais. Por causa dela, sua família cresceu protegida, repleta de bênçãos e de alegrias. Por causa dela, eu estive do seu lado, tentando te proteger”. Suspirou. “Eu falhei”.

Nerea se aproximou, ajoelhou-se ao lado de Eloy, tocou seu cabelo com as mãos delicadas. Suas asas começavam a se desmanchar.

“E o que vai acontecer agora?”

“O mesmo que acontece a todos os anjos que falham em suas missões. Eu era uma guardiã, tinha de lhe proteger, falhei. Vou deixar de ser guardiã, vou deixar de ser um anjo. Vou deixar de existir”.

“Eu sinto muito”.

“Não sinta. Não me importo com isso, não gostava das minhas tarefas. E, cá entre nós, sua família não era a mais unida, logo eu não era poderosa. Talvez seja melhor assim”.

“Você vai deixar de existir mesmo?”

“Não sei. Na verdade, acho que não. Seria algo bom, no fim. Acho que serei uma caída, um não-anjo. Que diferença isso faz?”

“Me desculpe. Eu deveria ter te escutado seus conselhos. Fui fraco e...”

Nerea tocou os lábios de Eloy com seu indicador, e então sorriu.

“Tudo bem. Eu apostei em você, mas na verdade, eu sempre perco. Era minha última chance”.

Levantou-se, e as últimas de suas penas foram pulverizadas. Nerea chorou.

“Nerea, eu... Eu agradeço por tudo. Mas preciso de um último favor”.

Os pés de Nerea começaram a cintilar. Ela desaparecia daquele mundo, do Outro Lado. Ficaria presa no mundo real, para sempre, não sendo anjo ou mortal. Seria um resto, uma sobra de seus erros, de sua falha. Viveria daquela maneira pela eternidade, pois assim era a vida dos anjos.

“Se apresse, eu não tenho muito tempo”.

“Só preciso que me responda uma coisa: fui eu?”

“Do que está falando?”

As luzes alcançavam sua cintura.

“Aquelas pessoas todas, aquelas mortes. Aurora. Fui eu quem os matou? Eu sou o responsável por todas aquelas atrocidades?”

O brilho alcançava o queixo de Nerea.

Por dentro, havia uma luta. Ela sabia a resposta. Vira Eloy ser tomado pela Voz, perder o controle, matar todas as pessoas que aquela entidade alvejava. Vira-o chegar em casa, cambalear, ferir Aurora como jamais seria capaz de fazer. Vira nos olhos de Aurora um amor incondicional, capaz de superar mesmo as fronteiras do sobrenatural, de entender que aquele que a matava não era seu marido, de perceber quando o verdadeiro Eloy ressurgira, de dizer a ele que o amava mesmo depois de todo o ocorrido.

Engoliu em seco.

O brilho alcançava os olhos anilares. O restante do corpo de Nerea já havia desaparecido.

“Me diga, Nerea. Me diga a verdade, eu preciso saber”. Eloy começava a fechar os olhos. Não tossia mais, não tinha forças nem mesmo para isso. “Me responda: eu matei aquelas pessoas?”

Nerea suspirou, então sorriu, mas seu sorriso não foi visto por Eloy.

“Não, Eloy. Você não é o responsável por aquelas mortes. Você não matou Aurora”.

Assim, Eloy agradeceu, e morreu com um sorriso.

Nerea se foi, partiu para o mundo real, onde ficaria presa por toda a eternidade por falhar em sua missão.

Naquela cidade barulhenta, subiu ao terraço mais alto, era apenas uma garotinha. Lá, viu os carros, ouviu as buzinas, admirou as estrelas e a lua cheia.

Mentira para Eloy. Sabia da verdade, e apenas ela e Abel sabiam. Mas foi preciso. Eloy não seria capaz de descansar em paz caso soubesse daquela verdade. Mentira, como nunca antes fizera, por achar que essa seria a melhor opção.

Deu de ombros. Não era mais um anjo.

Que diferença faria?



Espero que tenham gostado do desfecho. Agora, vamos para a próxima, hehe.
Até breve!

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