sábado, 25 de maio de 2013

Quatro Elementos

Dedicado à inspiração de uma madrugada de sábado.
Olhar para o céu, esteja ele estrelado ou não, pode ser gratificante: às vezes as nuvens têm respostas para perguntas que ainda não pensamos em fazer. Há, no céu, esteja ele turvo ou límpido, tantas estrelas quantos são os seus sonhos. É como compará-lo aos grãos de areia do deserto ou às gotas d'água do oceano: infindáveis como são, cada uma guarda consigo uma nova chance de mudar, de verter, de crescer e, acima de tudo, de ser feliz.



Quatro Elementos

Quatro estações, quatro momentos, quatro elementos.
Há quem seja como o vento, livre, solto. Disperso, num fluxo de ir e vir, revolto. Quem ama o vento tem de se acostumar a seu baile, tem de ser como ele, ventoso, viril. Tem de voar sem se preocupar, tem de ir e vir, tem de não desejar ficar. Tem de se perder, tem de se encontrar. É o vento quem vai e volta: vai com tuas tristezas, com teus problemas; volta com alegrias, com realezas. É o vento quem cuida da liberdade, o mesmo vento que aprisiona, que apaixona, que sopra firme e eterno.
Há quem seja como a água, tudo, nada. Maleável, volúvel, fácil de se dobrar, de se romper, de se despir, de se prender, de se unir. Desdobra as dificuldades como os caminhos de uma trilha sinuosa, nada é capaz de pará-la. Não se acomoda, não se doma, não obedece. É rebelde, é sem dono, ou é dona de si mesma. Atravessa quaisquer que sejam os obstáculos, mas se perde e, uma vez perdida, nada mais pode encontrá-la.
Há quem seja como a terra, firme, rígida. De determinação infalível, irrompível, insolúvel. Rocha sólida, como montanha, nenhum temor pode romper suas defesas. Nenhum pensamento, por sua vez, pode moldar seus costumes. É rígida, é firme, é determinada; é apenas aquilo, não mais. Não se altera, não se molda, não pode se redesenhar. É terra, é solo, é vida, mas vida que não deixa de ser a vida que sempre foi, que sempre será.
Há quem seja como o fogo, quente, forte. Agressivo em busca de seus sonhos, de suas vontades, de seus desejos. Aconchegante, mas perigoso. Esquenta quem precisa de seus carinhos, queima quem se aproxima demais de seu calor. Vence qualquer obstáculo com sua força de vontade, mas atravessa o campo sem hesitações e, assim, tudo queima. O fogo se alastra, incendeia, fere aqueles que não se deve ferir. Deixa atrás de si um rastro de destruição. Deixa para trás quaisquer que sejam os temores, mas também quaisquer que sejam os amigos, igualmente a cicatrizar.
Quatro estações, quatro momentos, quatro elementos.

Que sejamos, pois então, diferente de tudo e de todos, mas jamais tão iguais quanto o provável pode nos propor. Que sejamos mais que vento, mais que água, mais que terra, mais que fogo: que sejamos natureza. Que tenhamos a capacidade de soprar junto do vento, de ventar os medos para longe. Que possamos desviar-nos dos perigos como a água, evitar os receios, moldar, despir e vestir. Que façamos rígidas nossas decisões, como a terra, incapazes de nos alterar por qualquer que seja a dificuldade. Que sejamos fortes como o fogo, aconchegando, evitando o frio dos erros, afastando de nós os temores, abraçando o calor dos amores.

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