quinta-feira, 23 de maio de 2013
O Mundo no Vidro
O Mundo no Vidro
Guardei meu mundo num vidro
De lascas, todo partido
Sem proteger o meu mundo
Tão mudo, tão tudo
Que sequer me importei
Deixei-o assim reservado
Pra trás, fora abandonado
Escolha tola, largado
Tão nulo, tão puro
Tão falso que me espantou
E assim, guardado, girou
O tempo não mais passou
O relógio congelou
Parei, estaquei, firmei
De braços abertos
Abraço disperso
Perdido no tempo, no choro, no vento
Ponteiro ao relento
De um mundo parado
E ali congelado, de todo estacado
Vivência de tolos com tempo de sobra
Resíduos de guerra, da paz, só amostras
Sorriso de cores na escuridão
Que desfaleceu
No escuro, no breu
No meu coração
Sorriso de cores
De formas, de flores
Pertence àquela
Que em meio a um jardim de orquídeas risonhas
Destaca-se como a flor amarela
Que cresce, floresce, num mundo parado
Em terra distinta, em vidro guardado
No tempo parado, ali me postei
E tua beleza
E tua grandeza
E tua realeza
Eu só admirei
Guardei o meu mundo num vidro
E só agora percebo
Que o fiz somente por medo
Que o tempo passasse, veloz, sagaz
Que admirá-la não pudesse mais
Parei meu relógio, guardei o que tinha
E agora percebo
Que além de meus medos
Me importa somente o amor da rainha
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