domingo, 2 de setembro de 2012

Momentus - Recortes de Agosto

Mais um mês repleto de frases, causos e pensamentos, agora reunidos numa única postagem. Espero que apreciem.


AGOSTO


Certas pessoas causam certas impressões.
Você olha para elas e pensa algo estranho, então se corrige e policia, ignora a opinião, diz para si mesmo que tem de respeitá-la, que as aparências enganam.
Passa o tempo e bingo, você estava certo o tempo todo e, ainda assim, você foi o primeiro a se surpreender.
Ou não. Talvez nem seja assim tão surpreendente.
Num primeiro momento, você percebe, o olhar era de estranheza, de peculiaridade, olhos de quem concorda e discorda ao mesmo tempo.
Agora, é só uma comprovação. Os olhos são de indiferença. Às vezes, sobra até espaço para um sorriso enganoso no rosto.
A vida é cheia de momentos assim, e é então que me pergunto: são as primeiras impressões válidas ou devemos deixá-las de lado e arriscar, sem pensar muito nas consequências?



Marcos de ficção que, de tão fortes, se fazem realidade.


Há silêncio numa gargalhada e estrondo num estalo de dedos, tudo desconexo nesse mundo volúvel.



O relógio gira mas as horas não passam.



Acende as luzes pode não te livrar do escuro. Às vezes você realmente precisa abrir os olhos.



Não se envergonhe de mostrar cicatrizes. Ninguém vence uma guerra sem elas.



Seria legal se todo mundo tivesse uma máquina de escrever automática para retratar o que vemos, sentimos e pensamos.



Quem teme o desconhecido enfurna-se no comum.



Viro páginas, viro mundos, viro herói.



Infindáveis mundos numa só palavra.



O mais nobre dos guerreiros sabe a hora de se ajoelhar.



Não há maior tolice do que a falsa valentia.



Há um mundo tão perfeito além das montanhas da indecisão.



Navegue teus sonhos numa barca de realidade.



A complexidade da vida pode se firmar na simplicidade de um sorriso.



Uma vez a minha avó me disse que as pessoas que a gente ama vão ficar para sempre do nosso lado. Depois disso ela morreu. Eu chorei bastante. Esperei, esperei, mas ela não voltou, e eu prefiro acreditar que ela mentiu do que pensar que eu não a amava. Me disseram, anos mais tarde, que ela ainda estaria ali, presente em alma. Não sei se isso seria o suficiente. Eu ainda sinto falta dela, mesmo que ela esteja aqui, comigo.



A garota se sentou na cadeira da esquerda, apoiou o cotovelo na base metálica da amurada e suspirou, sem pressa. Levantou um dos braços e pediu um chocolate quente, prontamente atendida. Olhou o relógio: sete horas. Bebericou sua refeição e olhou para o céu, pensativa.
Rotina.
Durante três anos, três anos que mais pareceram uma vida, ela fez exatamente o mesmo sem que percebesse.
Desde a morte de
 seus pais, ela se esquecera de quem era. Não perdera a memória. Perdera algo ainda mais essencial.
A vontade.
Um homem se sentou ao seu lado, exalava um perfume atraente. Ele sorriu, dedilhando uma canção romântica na mesa de madeira. Ela o achou familiar, mas não o reconheceu, ou não desejou fazê-lo. Era um antigo pretendente, um apaixonado, um alucinado.
Cumprimentaram-se com prazer, apresentaram-se, por mais que já fossem velhos conhecidos. A vida mudara, os tempos também. Ela tinha de reavivar, ele, de mostrar-se presente. Nos olhos de ambos, uma vida de alegrias ressoava como um filme.
Ela se alegrou.
Enfim deixaria de sentir-se sozinha.
Ele, por sua vez, comemorou por dentro, radiante.
Após três anos observando-a, encontrara nela um sorriso, um amigo e um amor.




Ali, naquele espelho mórbido, refletiam vívidas lembranças dos mais terríveis momentos.
Ela via-se nascer, a mãe desfalecendo no parto. Via o pai se embriagar, abusar de seu corpo infantil, livrar-se do descontrole por meio de intrigas com o tio que lhe salvara, perdendo a vida para o mesmo quando a ira o tirou de si. Via os tios serem assassinados durante um assalto, tinha pouco mais de oito ano
s. Via-se crescer, maltratada pela vida e pelo mundo, açoitada pela acidez do dia-a-dia. Viu-se adulta, dedicada e falha, humilhada em seus empregos, tomada pelo pranto nas piores situações.
Os vislumbres iam e vinham, sem ritmo, e a dor de recordar era asquerosa.
Aquele era seu castigo e, após tanta insegurança, tinha certeza de uma coisa: morrer não fora tão doloroso.




A vida testa, segura e incerta, confusa em sua beleza
Quebrar as regras, pular da ponte, são atos de nobreza
Abraço a causa, enfrento o monstro, não salvo a princesa
As nuvens claras sombreiam casas, e somem realezas

Há tantas chances, tantos caminhos de possibilidades
Eu perco a vida, perco o controle, mas não a oportunidade
Por mais remota que seja a escolha, imersa em seriedade
É ela toda tão
 desprezível, livre da vaidade

Um mesmo campo, jardim de encanto, abriga tantas flores
Um mar de rosas, de margaridas, com infinitas cores
Choro e tristeza, dor e alegria, prantos e dissabores
Perfumes tolos da mesma rosa, nascida de amores

E assim eu vivo, mais sobrevivo, supero o infindável
Vivo em sorrisos, alegre em adesivo, além do interminável
Encolho os olhos, triste aceitando a máscara do amável
Não o melhor, não o pior, somente inigualável




Preciso dormir mas não quero
Preciso respirar mas não posso
Todo o disponível é indisponível
O mundo todo ali mas não preciso
Pois tudo o que eu preciso já não tenho
Ou tudo o que eu tenho não preciso?



Eu pisquei e o tempo passou, e agora ele não volta mais...
Por sorte!
Rumando para novos horizontes.
Ninguém pode saber o que esperar na próxima esquina.
E essa é a graça no jogo da vida. 



Não há conquista gloriosa sem que antes haja um caminho de cacos de vidro.



Gira um destino num cata-vento, torpor em tempo de despertar.



O seu melhor é pouco, o impossível é nada.



Talento inexiste; há somente espaço para o esforço.



Ontem sonhei, hoje almejei, amanhã hei de conquistar.



Assisto o infinito sempre ao fechar os olhos.



Cada nome, cada voz, cada olhar, tudo é único e eficaz, seja belo ou grotesco; está lá, insubstituível, disposto a se destacar.



Nunca se esqueça seus erros ou eles se repetirão.



Certas coisas acontecem porque têm que acontecer.
Difícil é se acostumar com o inevitável.



Antes preocupei-me com os outros, inerte; hoje vivencio o egoísmo, perfeito.



Não há mais bela lenda do que a aventura que vivenciamos no existir.



Eu quero ser uma presença e não somente uma lembrança.



Fragmento minhas ideias para que me seja possível estar em todos os lugares quando não estou em lugar nenhum.



Estando numa cadeira em presença, alcanço todo o universo em palavras.



Num dedilhar empolgado, deleito-me em silêncio enquanto nascem de um ventre imaginário tantos mundos quanto o incontável.



Sentado em coluna ereta, à frente da folha vazia, viajo em paisagem discreta, tomado por fantasia.



Nunca se considere sem importância. Mesmo uma pedra inerte tem suas histórias.



Há tanta crueldade em sorrisos cintilantes.



É fácil conquistar uma garota.
Difícil é ser homem para conquistar uma mulher.



Que seja a mais modesta das casas; enquanto servir de lar a uma princesa, ainda a terei como um castelo.



Princesas em castelos cada vez menores; castelo tão imensos cada vez mais sem princesas.



E quando eu estiver lá em cima, eu vou olhar para trás e ver tudo o que deixei passar e morrer, todo o caminho que percorri, e vou me lembrar de todas as dificuldades, das vitórias e derrotas, dos sorrisos e das lágrimas, e eu nunca vou me esquecer disso tudo, mas vou me postar no zero, e o topo será somente um novo começo, um novo primeiro degrau para alguém que nunca se cansa de subir.



Em terra de quem tudo vê, feliz é aquele que sabe a hora certa de fechar os olhos.



Antes que eu seja a diferença do que esteja entre tantos iguais.

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