AGOSTO
Certas pessoas causam
certas impressões.
Você olha para elas e
pensa algo estranho, então se corrige e policia, ignora a opinião, diz para si
mesmo que tem de respeitá-la, que as aparências enganam.
Passa o tempo e bingo,
você estava certo o tempo todo e, ainda assim, você foi o primeiro a se
surpreender.
Ou não. Talvez nem seja
assim tão surpreendente.
Num primeiro momento,
você percebe, o olhar era de estranheza, de peculiaridade, olhos de quem
concorda e discorda ao mesmo tempo.
Agora, é só uma
comprovação. Os olhos são de indiferença. Às vezes, sobra até espaço para um
sorriso enganoso no rosto.
A vida é cheia de
momentos assim, e é então que me pergunto: são as primeiras impressões válidas
ou devemos deixá-las de lado e arriscar, sem pensar muito nas consequências?
Marcos de ficção que, de
tão fortes, se fazem realidade.
Há silêncio numa
gargalhada e estrondo num estalo de dedos, tudo desconexo nesse mundo volúvel.
O relógio gira mas as
horas não passam.
Acende as luzes pode não
te livrar do escuro. Às vezes você realmente precisa abrir os olhos.
Não se envergonhe de
mostrar cicatrizes. Ninguém vence uma guerra sem elas.
Seria legal se todo
mundo tivesse uma máquina de escrever automática para retratar o que vemos,
sentimos e pensamos.
Quem teme o desconhecido
enfurna-se no comum.
Viro páginas, viro
mundos, viro herói.
Infindáveis mundos numa
só palavra.
O mais nobre dos
guerreiros sabe a hora de se ajoelhar.
Não há maior tolice do
que a falsa valentia.
Há um mundo tão perfeito
além das montanhas da indecisão.
Navegue teus sonhos numa
barca de realidade.
A complexidade da vida pode se firmar na simplicidade
de um sorriso.
Uma vez a minha avó me disse que as pessoas que a gente
ama vão ficar para sempre do nosso lado. Depois disso ela morreu. Eu chorei
bastante. Esperei, esperei, mas ela não voltou, e eu prefiro acreditar que ela
mentiu do que pensar que eu não a amava. Me disseram, anos mais tarde, que ela
ainda estaria ali, presente em alma. Não sei se isso seria o suficiente. Eu
ainda sinto falta dela, mesmo que ela esteja aqui, comigo.
A garota
se sentou na cadeira da esquerda, apoiou o cotovelo na base metálica da amurada
e suspirou, sem pressa. Levantou um dos braços e pediu um chocolate quente,
prontamente atendida. Olhou o relógio: sete horas. Bebericou sua refeição e
olhou para o céu, pensativa.
Rotina.
Durante três anos, três anos que mais pareceram uma vida, ela fez exatamente o mesmo sem que percebesse.
Desde a morte de
Rotina.
Durante três anos, três anos que mais pareceram uma vida, ela fez exatamente o mesmo sem que percebesse.
Desde a morte de
seus pais, ela se esquecera de quem era. Não
perdera a memória. Perdera algo ainda mais essencial.
A vontade.
Um homem se sentou ao seu lado, exalava um perfume atraente. Ele sorriu, dedilhando uma canção romântica na mesa de madeira. Ela o achou familiar, mas não o reconheceu, ou não desejou fazê-lo. Era um antigo pretendente, um apaixonado, um alucinado.
Cumprimentaram-se com prazer, apresentaram-se, por mais que já fossem velhos conhecidos. A vida mudara, os tempos também. Ela tinha de reavivar, ele, de mostrar-se presente. Nos olhos de ambos, uma vida de alegrias ressoava como um filme.
Ela se alegrou.
Enfim deixaria de sentir-se sozinha.
Ele, por sua vez, comemorou por dentro, radiante.
Após três anos observando-a, encontrara nela um sorriso, um amigo e um amor.
A vontade.
Um homem se sentou ao seu lado, exalava um perfume atraente. Ele sorriu, dedilhando uma canção romântica na mesa de madeira. Ela o achou familiar, mas não o reconheceu, ou não desejou fazê-lo. Era um antigo pretendente, um apaixonado, um alucinado.
Cumprimentaram-se com prazer, apresentaram-se, por mais que já fossem velhos conhecidos. A vida mudara, os tempos também. Ela tinha de reavivar, ele, de mostrar-se presente. Nos olhos de ambos, uma vida de alegrias ressoava como um filme.
Ela se alegrou.
Enfim deixaria de sentir-se sozinha.
Ele, por sua vez, comemorou por dentro, radiante.
Após três anos observando-a, encontrara nela um sorriso, um amigo e um amor.
Ali,
naquele espelho mórbido, refletiam vívidas lembranças dos mais terríveis
momentos.
Ela via-se nascer, a mãe desfalecendo no parto. Via o pai se embriagar, abusar de seu corpo infantil, livrar-se do descontrole por meio de intrigas com o tio que lhe salvara, perdendo a vida para o mesmo quando a ira o tirou de si. Via os tios serem assassinados durante um assalto, tinha pouco mais de oito ano
Ela via-se nascer, a mãe desfalecendo no parto. Via o pai se embriagar, abusar de seu corpo infantil, livrar-se do descontrole por meio de intrigas com o tio que lhe salvara, perdendo a vida para o mesmo quando a ira o tirou de si. Via os tios serem assassinados durante um assalto, tinha pouco mais de oito ano
s. Via-se crescer, maltratada pela vida e pelo mundo,
açoitada pela acidez do dia-a-dia. Viu-se adulta, dedicada e falha, humilhada
em seus empregos, tomada pelo pranto nas piores situações.
Os vislumbres iam e vinham, sem ritmo, e a dor de recordar era asquerosa.
Aquele era seu castigo e, após tanta insegurança, tinha certeza de uma coisa: morrer não fora tão doloroso.
Os vislumbres iam e vinham, sem ritmo, e a dor de recordar era asquerosa.
Aquele era seu castigo e, após tanta insegurança, tinha certeza de uma coisa: morrer não fora tão doloroso.
A vida
testa, segura e incerta, confusa em sua beleza
Quebrar as regras, pular da ponte, são atos de nobreza
Abraço a causa, enfrento o monstro, não salvo a princesa
As nuvens claras sombreiam casas, e somem realezas
Há tantas chances, tantos caminhos de possibilidades
Eu perco a vida, perco o controle, mas não a oportunidade
Por mais remota que seja a escolha, imersa em seriedade
É ela toda tão
Quebrar as regras, pular da ponte, são atos de nobreza
Abraço a causa, enfrento o monstro, não salvo a princesa
As nuvens claras sombreiam casas, e somem realezas
Há tantas chances, tantos caminhos de possibilidades
Eu perco a vida, perco o controle, mas não a oportunidade
Por mais remota que seja a escolha, imersa em seriedade
É ela toda tão
desprezível, livre da vaidade
Um mesmo campo, jardim de encanto, abriga tantas flores
Um mar de rosas, de margaridas, com infinitas cores
Choro e tristeza, dor e alegria, prantos e dissabores
Perfumes tolos da mesma rosa, nascida de amores
E assim eu vivo, mais sobrevivo, supero o infindável
Vivo em sorrisos, alegre em adesivo, além do interminável
Encolho os olhos, triste aceitando a máscara do amável
Não o melhor, não o pior, somente inigualável
Um mesmo campo, jardim de encanto, abriga tantas flores
Um mar de rosas, de margaridas, com infinitas cores
Choro e tristeza, dor e alegria, prantos e dissabores
Perfumes tolos da mesma rosa, nascida de amores
E assim eu vivo, mais sobrevivo, supero o infindável
Vivo em sorrisos, alegre em adesivo, além do interminável
Encolho os olhos, triste aceitando a máscara do amável
Não o melhor, não o pior, somente inigualável
Preciso dormir mas não
quero
Preciso respirar mas não
posso
Todo o disponível é
indisponível
O mundo todo ali mas não
preciso
Pois tudo o que eu
preciso já não tenho
Ou tudo o que eu tenho
não preciso?
Eu pisquei e o tempo passou, e agora ele não volta
mais...
Por sorte!
Rumando para novos horizontes.
Ninguém pode saber o que esperar na próxima esquina.
E essa é a graça no jogo da vida.
Por sorte!
Rumando para novos horizontes.
Ninguém pode saber o que esperar na próxima esquina.
E essa é a graça no jogo da vida.
Não há conquista
gloriosa sem que antes haja um caminho de cacos de vidro.
Gira um destino num
cata-vento, torpor em tempo de despertar.
O seu melhor é pouco, o
impossível é nada.
Talento inexiste; há
somente espaço para o esforço.
Ontem sonhei, hoje
almejei, amanhã hei de conquistar.
Assisto o infinito
sempre ao fechar os olhos.
Cada nome, cada voz,
cada olhar, tudo é único e eficaz, seja belo ou grotesco; está lá,
insubstituível, disposto a se destacar.
Nunca se esqueça seus erros
ou eles se repetirão.
Certas coisas acontecem
porque têm que acontecer.
Difícil é se acostumar
com o inevitável.
Antes preocupei-me com
os outros, inerte; hoje vivencio o egoísmo, perfeito.
Não há mais bela lenda
do que a aventura que vivenciamos no existir.
Eu quero ser uma
presença e não somente uma lembrança.
Fragmento minhas ideias
para que me seja possível estar em todos os lugares quando não estou em lugar
nenhum.
Estando numa cadeira em
presença, alcanço todo o universo em palavras.
Num dedilhar empolgado,
deleito-me em silêncio enquanto nascem de um ventre imaginário tantos mundos
quanto o incontável.
Sentado em coluna ereta,
à frente da folha vazia, viajo em paisagem discreta, tomado por fantasia.
Nunca se considere sem
importância. Mesmo uma pedra inerte tem suas histórias.
Há tanta crueldade em
sorrisos cintilantes.
É fácil conquistar uma
garota.
Difícil é ser homem para
conquistar uma mulher.
Que seja a mais modesta
das casas; enquanto servir de lar a uma princesa, ainda a terei como um
castelo.
Princesas em castelos
cada vez menores; castelo tão imensos cada vez mais sem princesas.
E quando eu estiver lá
em cima, eu vou olhar para trás e ver tudo o que deixei passar e morrer, todo o
caminho que percorri, e vou me lembrar de todas as dificuldades, das vitórias e
derrotas, dos sorrisos e das lágrimas, e eu nunca vou me esquecer disso tudo,
mas vou me postar no zero, e o topo será somente um novo começo, um novo
primeiro degrau para alguém que nunca se cansa de subir.
Em terra de quem tudo
vê, feliz é aquele que sabe a hora certa de fechar os olhos.
Antes que eu seja a
diferença do que esteja entre tantos iguais.
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