segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Resenha - O Caçador de Apóstolos


Olá, companheiros!
Venho hoje, por meio desta postagem, resenhar um livro de um autor que admiro muito! Leonel Caldela nos banha com mais inspiração e criatividade em O Caçador de Apóstolos, o primeiro romance original do autor, que será continuado muito em breve, precisamente hoje, dia 17 de outubro de 2011, com o desfecho da história em Deus Máquina.
Mas qual a verdade por trás desse livro?

O Caçador de Apóstolos é um épico de medievalismo histórico que, em suma, não deixa respingar nada de fantasia, e aos poucos vai encantando com um cenário realístico, da época, em que os atos são banais, até mesmo absurdos. A fantasia existe, até mesmo a magia, mas é tão sugestiva que aprendemos a conviver em um mundo sem ela, onde apenas as espadas falam mais alto, e a Igreja é soberana.
E por falar em Igreja, a sorte do Leonel Caldela é que esse livro e brasileiro, ou teríamos um novo Dan Brown para ser crucificado pelos fanáticos religiosos. O tema é tratado da maneira mais ampla possível, mostrando com fidelidade muito do que realmente acontecia nas Cruzadas, entre outras guerras, onde a Igreja demonstrava um poder acima do povo, comandando guerras contra os infiéis, impuros ou filhos do diabo, em suma inocentes. O Caçador de Apóstolos mostra essa realidade, onde a Igreja cria o cenário em que predomina sobre os reis e suas nações, onde os cardeais são tratados como divindades, tão próximos de Urag, o nome utilizado para o deus do cenário, quanto a própria Voz de Urag, uma garota escolhida para falar com deus, em nome de todos aqueles do mundo, trazendo até o povo suas palavras e ensinamentos. Claro que, na realidade, a Voz é apenas mais uma marionete no teatro usado para a Igreja para manter-se no domínio do mundo. Além de forjar profecias e falsas escolhidas de Urag, a Igreja oprime os rebeldes usando de um punho doloroso, sem piedade alguma quando o assunto é ascender ao poder.
Em conjunto com a trama principal, temos os generais, os personagens mais interessantes, ouso afirmar, de toda a história. Atreu e Benedict são personagens marcantes, assim como Penélope e Oberon, entre muitos outros que conquistam espaços nas disputadas páginas dessa magnífica história. Iago, por sua vez, é apenas um escritor, e é ele quem nos narra todos os acontecimentos do cenário, usando de mentiras e figuras de linguagem para ilustrar os dias terríveis da caminhada de Jocasta, o passado sombrio e árduo de Atreu e mesmo o seu próprio passado, revelando o sentido de seu sofrimento e sua vontade de escrever peças de teatro, etc. São personagens, à primeira vista, muito vagos, mas que logo se mostram como buracos negros, com uma história tão planejada quanto qualquer outro, como é o caso de Prima Marco Segundo, um dos nomes que mais surpreende durante as reviravoltas do plot.
O cuidado com as cenas de ação e a descrição dos cenários e sentimentos é mantido impecável, qualidade que Leonel Caldela abusa. As sensações são reais, passadas de uma maneira incrível. Sentimos nojo junto de Jocasta, surpresa junto de Iago, ódio junto de Atreu, medo ao lado de Oberon, e muito mais. Cada personagem tem sua personalidade utilizada ao limite, criando nomes que se tornarão lendas para aqueles que apreciam a boa literatura. As batalhas e guerras do cenário, por sua vez, são de marejar os olhos, tamanha a precisão nos detalhes. Por vezes é possível escutar o tilintar dos escudos e das lâminas conforme Leonel nos mostra um filme com suas palavras, descrevendo as estratégias dos generais, a crueldade da Igreja e mesmo a loucura dos rebeldes.
Com pouco mais de 400 páginas, O Caçador de Apóstolos é um livro que exige atenção, o que pode tornar a leitura um pouco mais lenta. O nível de detalhamento é extremamente superior ao da Trilogia Tormenta, o que nos mostra o avanço como escritor, e também como pessoa, do Tolkien brasileiro. Para aqueles que acompanham Leonel desde os primórdios do lançamento de Inimigo do Mundo, verão como seus textos ganharam impacto, profundidade e emoção, e Deus Máquina nos mostrará a evolução ao completar a duologia do cenário original do autor. Por sorte, Leonel garantiu anteriormente que pretende produzir mais histórias nesse cenário, que tem um território amplo e extremamente trabalhado, passível de uma adaptação para algum sistema de RPG, futuramente.
E, mais do que nunca, acredito na literatura brasileira, no RPG e na criatividade dos escritores nacionais, que pouco a pouco garantem seu espaço nas livrarias e nas estantes de cada vez mais leitores. A fantasia se expande em níveis que, anos atrás, poucos acreditariam ser capazes de alcançar. Muito disso se deve ao Leonel Caldela, que nos ilustrou com histórias dignas de competir com as estrangeiras, e a muitos outros autores, assim como ao trio tormenta e aos editores das revistas de RPG, Dragão Brasil e Dragon Slayer, que sempre guiaram os fãs ao caminho de seus sonhos, seja na ilustração, seja na produção literária.
Àqueles que ainda não leram O Caçador de Apóstolos, não percam a oportunidade! É uma obra de arte, um aglomerado de enredos entrelaçados, personagens distintos que se unem numa trama gloriosa! Àqueles que já leram, façam como eu, e garantam já o seu exemplar de Deus-Máquina, ainda na pré-venda, para que então possam admirar o final dessa história, que de linda não tem nada, mas consegue empolgar como qualquer clássico medieval.
E que venham os próximos!

Até mais!

Nenhum comentário:

Postar um comentário