sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Resenha de Livro - A Sombra no Sol, de Eric Novello


Ícaro, de acordo com seu próprio criador, fora um personagem criado num devaneio de uma depressão assombrosa. O garoto de programa que atendia quaisquer clientes por seu preço enquanto buscava uma finalidade em sua vida ganhou forma, tom e cores nos minicontos desenvolvidos digitalmente pelo autor, postados num site previamente e, agora, reunidos, girando em torno de uma trama maior, num livro publicado pela Draco, intitulado A Sombra no Sol. Este foi o último livro lido por mim nesta semana, e é sobre ele que comentarei a seguir.
Em A Sombra no Sol, acompanhamos Armando, o proprietário do bar Neon Azul (que protagoniza o romance homônimo do autor, também publicado pela Draco em 2010), em sua busca por Ícaro após a morte do garoto de programa. Ele leva consigo um líquido peculiar, mas sabe que, para que o efeito seja o esperado, é necessário que ele conheça o destinatário. Nada melhor para isso do que ler o diário de Ícaro, conhecendo sua vida, suas máscaras e suas divagações, e é isso o que Armando faz.
Cada texto nos apresenta uma perspectiva depressiva e atípica sobre situações das mais variadas, desde cenas de sexo violento, agradável, conversas de bar e similares. Ícaro tem diversos contatos pelas noites, e isso nos garante personagens de passagens velozes, outros mais marcantes, outros presentes e ausentes ao mesmo tempo. A leitura é admirável, pois o Eric conseguiu deixar cada texto com um linguajar polido e culto, mesmo quando as descrições tendem a perversões e coisas do tipo, e algumas das frases do pensamento de Ícaro são realmente marcantes como pensamentos de uma vida toda!
Como ponto negativo, é notável ressaltar que o livro é apenas isso: cenas dispersas entre as leituras de um diário, o que pode deixar alguns leitores desanimados para os acontecimentos. É claro que isso também ocasiona uma leitura mais simplória e ágil: com suas 118 páginas, terminei A Sombra no Sol em apenas um dia, sem dificuldade ou dor de cabeça. E como disse previamente, há passagens que dão inspiração, que cheiram ao estado do autor no momento da escrita, e isso é bom. Poucas pessoas conseguem transparecer os sentimentos através dos textos. Quem consegue, garante uma leitura emotiva e tocante, então parabéns ao Eric pelo livro, que pode não ser um dos meus favoritos pelo estilo, mas certamente foi uma leitura que me garantiu experiências diferentes e inesquecíveis.

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