quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Resenha de Livro - Coisas Frágeis


Volto em outra resenha para reafirmar o que você, que acompanha o blog, sabe há tempos: sou um fã assíduo de Neil Gaiman.
Após a conclusão de Fios de Prata, do Draccon, encontrei em meu armário o primeiro volume de Coisas Frágeis, uma coletânea de contos do mesmo autor de Coraline, Stardust, Sandman e Deuses Americanos, e bom, nem preciso dizer que devorei o livro. Demorei pouco mais de dois dias para terminar as 205 páginas que nos levam acerca das histórias fabulosas trabalhadas por Gaiman, e ao concluir, a sensação é a de um vazio imenso. Existem histórias fantásticas, outras nem tanto, mas todas elas têm sua criatividade e originalidade, e claramente falando, todas elas fascinam. Gaiman é um poço de ideias, das mais insanas às mais agradáveis, das mais bonitas às mais traumáticas, e é isso o que faz de uma coletânea de contos de sua autoria a coisa mágica que foi Coisas Frágeis para mim.
O primeiro marco deste livro é saber que grande parte dos contos que se encontram em suas páginas não são novos, nem mesmo foram feitos para o livro propriamente dito. Quase todos eles compuseram um livro ou uma antologia distinta, e agora estão reunidos num mesmo livro, para facilitar a leitura. Alguns, como no caso de Golias, vêm de lugares ainda mais distantes, como o site do filme Matrix (o conto é um trabalho de Gaiman feito antes do lançamento do primeiro filme, e cá entre nós, não deixe nada a desejar!). Todos eles, no entanto, deixam suas marcas após a conclusão da leitura, e cabe a mim ressaltar apenas alguns, os mais marcantes na minha opinião.
Logo de início, em Um Estudo em Esmeralda, temos uma ambientação noir no maior estilo Lovecraft, ao mesmo tempo em que encontramos personagens cult, simpaticamente associados a Sherlock Holmes. Combinar os mistérios enrolados do terror lovecraftiano com as soluções lógicas e a sabedoria absurda do maior detetive de todos os tempos é um trabalho grandioso, unicamente disponível nas mãos de Gaiman. Em seguida, encontramos A Vez de Outubro, um conto produzido no intuito de preparar Gaiman para a escrita de O Livro do Cemitério (resenhado aqui no blog também), e nos deparamos com os meses do ao retratados na figura personificada de suas características. Em Lembranças e Tesouros, a narrativa em primeira pessoa do ponto de vista de um psicopata alucinado e de índole duvidosa nos faz enojar o personagem e seus atos, mas nos deixa apaixonados pelo cotidiano conturbado retratado pelo autor, que nos mostra mais uma vez que ele pode ser criativo e nauseante ao mesmo tempo. Como Conversar com Garotas em Festas deixa aquela sensação atípica de filmes do Steven Spielberg, mas Gaiman guarda o mistério apenas para si, e nunca saberemos se a festa se tratava de uma reunião de alienígenas ou coisas do tipo. Por fim, em O Monarca do Vale, os leitores de Deuses Americanos (também resenhado no blog) reencontram Shadow em mais uma aventura obscura com deuses e mitos.
Se preciso escolher um conto para indicar como ponto negativo na história, diria que era O Problema de Susan. Ele apresenta um final um tanto quanto desconexo, mas nem mesmo isso faz da história ruim. É que realmente me sinto no dever de indicar um conto como ponto negativo, já que faz parte da resenha mostrar as partes ruins também, mas enfim...
Se você procura o criativo, sem medo de ousar ou de inventar novas situações, Coisas Frágeis é um prato cheio! Lá você encontrará contos de diversos estilos, sempre banhados de humor negro, cotidiano e fantástico entrelaçados e uma leve pitada de obscuridade. Este é Neil Gaiman, sempre gênio, sempre ilustre, e cá entre nós, não vejo a hora de adquirir o segundo volume da coletânea para desbravar novas ideias desse autor fabuloso.

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