domingo, 23 de dezembro de 2012

Resenha de Livro - Fios de Prata




Não é de hoje que conhecemos Raphael Draccon por sua criatividade e seus trabalhos fantásticos. Desde que se uniu à Leya, a editora cresceu bastante, seja pelo sucesso iminente da trilogia Dragões de Éter, seja pelas vendas elevadas de Game of Thrones. Entretanto, até então, nenhum dos trabalhos do autor tinha me chamado tanta atenção quanto este último, disponibilizado na Bienal do Livro de 2012, com o título chamativo de Fios de Prata – Reconstruindo Sandman.
O novo romance de Draccon trata de um tema impossível de se tornar clichê: sonhos. Muita gente já narrou histórias sobre sonhos, inclusive Neil Gaiman, com o grande trabalho de Sandman, o quadrinho adulto mais badalado do mundo, mas todas essas histórias sempre têm sua originalidade. Quando tratamos de sonhos, podemos ser o que quisermos, escrever sobre tudo e sobre todos. Nada é fantasia o suficiente para o Sonhar, e foi assim que Draccon fez de Alejjo, o jogador mais caro do mundo, um guerreiro sonhador conhecido como O Santo, portador de uma Masamune e da luz que ilumina o inferno, sem que isso parecesse impossível ou inviável.
Acompanhando Mikael Santiago, um jogador brasileiro prestes a fechar negócio com um clube francês no que pode ser a transição futebolística mais cara do mundo, vemos o nascimento de sua paixão platônica por Ariana, a nova Daiane dos Santos da ginástica olímpica, capaz de saltos ainda mais incríveis. Enquanto os dois se envolvem, os Planos dos Sonhos desenrolam uma guerra de proporções épicas pelo Sonhar, onde três deuses e o Anjo dos Sonhos têm de defender seus domínios, cada qual à sua maneira, para evitar o caos.


Neste cenário fantástico, Draccon abusa das referências e citações, deixando transparecer diversas similaridades com enredos de outros autores, famosos ou não, e citando-os muitas vezes em diálogos e passagens no sequenciamento das descrições. O cenário se prova pensado para apresentar-nos uma visão artística dos sonhos e até mesmo do Inferno, e muito agrada nas apresentações. Ainda existem descrições grandes demais e paradas cinematográficas que, em primeiros instantes, agradam, mas logo se tornam exaustivas, porém nada disso tira o gracejo e o agrado que o romance tem.
Para aqueles que admiram tais histórias, em especial o famosíssimo Sandman de Gaiman, Fios de Prata é um livro que muito agradará. Ele tem o seu modo de narrar os sonhos e os acontecimentos desencadeados por estes, numa nova apresentação, num novo mundo imaginário, com deuses e criaturas incríveis! A leitura anima, mesmo que os mistérios não sejam grandes o suficiente para lhe deixar empolgados com as revelações, e as cenas de batalha são bem descritas, bem como as passagens de diversas pessoas em situações cotidianas (atípicas ou não) ao redor do mundo, passagens essas que se alteram (ou não) de acordo com os acontecimentos da guerra que ocorre no Sonhar. Fica a dica para os amantes da fantasia urbana e medieval, e também para aqueles que deleitam-se nos roteiros sonhadores e sem limites. Com tantos personagens marcantes e uma história de planejamento ímpar, Draccon consegue, nas 350 páginas de Fios de Prata, nos cativar com uma história tão bela, senão ainda mais bela (no que eu carinhosamente aposto), que sua série anterior, Dragões de Éter.

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