sexta-feira, 25 de maio de 2012

Vamos brincar?


Eu era uma garota tão bonita.
Mesmo assim, quando ele me viu, fugiu. Todos fugiam. Todos sempre fogem.
Ele costumava descer de seu quarto para beber água. Sempre às 2h32, sempre, quando seus lábios secavam pelos pesadelos. Eu sei, observava há muito tempo. Me ofereci como companheira, como amiga; recusou. Rejeitou minha boa vontade.
Eu o afoguei.
No próximo lar, uma garotinha de bochechas rosadas gostava de piano. Gostou até os 6, então odiou. O padrasto tocava antes de estuprá-la; a mãe ouvia e dançava, e nada acontecia. Empurrei-os da escada, salvei a garotinha. Ela fugiu, chorou. Eu chorei também, coitada.
Então deixei-a cair da sacada. Triste perda.
Quando cheguei à sua casa, ainda estava molhada pela piscina. Ainda cheirava a sangue. Gostei do lugar. Tenho lhe observado enquanto come e dorme.
Te assisto enquanto lê. Quero alguém que brinque comigo. Para sempre.
Vamos brincar?

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