Trago agora um conto que escrevi há algum tempo, e que venceu o concurso Contos de Mirr, um universo desenvolvido por Claudio Villa, autor dos romances 'Pelo Sangue e Pela Fé' e também de 'Vento Norte', ambos ambientados neste cenário. No concurso, organizado em parceria com a Revista Fantástica, foram oferecidas diversas localidades e características do mundo para que pudéssemos ambientar as histórias.
Deixo bem claro que as citações quanto ao mundo não me pertencem, e sim ao seu devido criador.
Espero que gostem, e até a próxima!
Chagas
de um Herói de Iberin
Morria.
O sangue lhe turvava os olhos, abismados
com a vida que se exauria, com o esforço para cada respiração. Exausto, os
punhos, suas únicas armas, já privados de seu uso, debilitados. A mente era
revoltosa, incrédula, sem esperanças. Buscava por sua esposa, mas a visão não
lhe permitiu encontrá-la. Sentiu a dor da perda e, acima de tudo, valorizou a
vida que perdera ao lado da amada.
Avisou a todos, não lhe deram ouvidos.
Os sonhos contavam histórias, cenas de um futuro em tragédia, banido das mentes
dos mais crentes. Os sonhos mostraram-lhe a verdade, mas a verdade dolorosa é
vista como mentira, e a mentira que conforta e agrada é a realidade almejada
pelos homens. Contou, ignorado, excluso. Soube que morreria, por enxergar além
do que seus olhos lhe mostravam.
Morreriam todos, por estarem cegos,
mesmo com olhos perfeitos.
***
Acordou, um bocejo preguiçoso, um salto
acrobático, de início de manhã. Ainda suava, abatido pelo sonho mensageiro,
pelo aviso indesejado. O cheiro do café o invadiu, as narinas agraciadas pelo
aroma delicioso, que lhe enchia de vontade, de vida. Ergueu-se, ignorando os
problemas, os olhos, incapazes, num esforço de entender o mundo. Fez sua oração
diária à Shidis, a deusa de sua nação, e deixou o aposento.
Iberin era uma boa nação para se viver.
Pacata e reclusa, postava-se no Continente de Altrarian, no hemisfério oeste,
onde os monges reinavam. Nas cordilheiras, diversos monastérios se espalhavam,
honrosos sob a glória da divindade que os protegia e guiava, o dragão de
safira, viventes das próprias montanhas, mesmo que nenhum dos monges soubesse
de seu lar. Comandava-os, distante, por sonhos ou mensagens, palavras
destinadas ao herói —o Naukara Nilamani —do Xar, o livro simbólico do
Shidaismo, nome dado à religião da deusa dragão. A cada escolha, um novo
capítulo, uma nova história se formando no livro da deusa, sempre ao lado do
escolhido, sendo este o líder do Monastério de Wangkor, responsável por
auxiliar os moradores de Iberin nas condutas de Shidis.
Atualmente, o Naukara Nilamani era
Sagan, um bom homem, de sabedoria admirável. Sob ele, diversos outros mestres
se curvavam, recebendo suas palavras e guiando, assim, os jovens monges do
reino, que cresciam munidos dos punhos e dos bastões, somados à valentia e à
glória das cordilheiras. Esse era o caso do Mestre Dreardel, responsável por
ensinar diversos jovens as artes marciais e a meditação.
Sob sua tutela, Hector se tornou o monge
que era, mesmo com seus olhos ruins. Confiava tudo ao mestre, mas, há alguns
dias, escondia um segredo, e isso o flagelava.
—Bom dia, Hector —sorriu a esposa,
cumprimentando-o com um beijo delicado. Lia não era uma lutadora. Filha de
camponeses, crescera no campo, plantando e colhendo, e o sol lhe presenteara
com lindos cachos dourados, o oceano iluminando seus olhos azulados, o corpo
esguio.
—Bom dia, meu anjo —respondeu ele, e
sentou-se. Comeu, o café com sabor de carinho, melhor do que qualquer outra
refeição. —Sonhei outra vez.
—Está se tornando frequente. Acho que
deveria dividir esses vislumbres com Mestre Dreardel.
—Não sei —hesitava. Na mente, a
preocupação da confiança. Poderiam acreditar em sua palavra, confiar no jovem.
Ou poderiam vê-lo como um mentiroso, um golpe de lábia para abalar os moradores
de Iberin, uma brincadeira de criança. —Talvez ele não entenda.
—Talvez, mas é sua única opção. Guarde a
maldição para si e serás o amaldiçoado. Conhece o provérbio.
Conhecia. Lia estava certa. Precisava dividir
aquela chaga, aquela ferida em sua mente. Shidis lhe chamava nos sonhos, sua
voz nas cavernas de sua mente, jorrando sangue inocente, um poço de vermelhidão
ingênua e pura. O dragão de safira profetizava, como um santo, e Hector ouvia,
o fosco dos olhos envidraçados cintilando pelas lágrimas de um sofrimento que
não era só seu. Sabia, no mais profundo dos pesares, o real significado da
mensagem.
Iberin
vai ser atacada.
***
Foi até Mestre Dreardel, que o escutou.
Ao fim de tudo, não conteve o riso.
—Hector, meu caro —começou, sentado
frente ao monge, que o admirava, os olhos impassíveis. —São apenas sonhos,
tenho de lhe dizer. Shidis nos mostra nossas vidas, guia nossos caminhos. Não
falaria com outro, além do Mestre Sagan, em nossos tempos. Sabe que apenas o líder
de Wangkor pode escutar suas profecias, não sabe?
Engoliu em seco.
—Mas Mestre, eu —
—Não recuse a verdade da vida, jovem
Hector. O que vê é apenas a magia de sua mente, criativa e infantil. Aprenda a
entender as diferenças entre fé e fantasia.
Mestre Dreardel era um homem velho, mas
sábio, e suas palavras mudariam mesmo o mais firme dos governantes. Não lábia,
mas conhecimento. O rosto era uma tábua, inexpressivo como tal, e as emoções
escapavam miúdas pela brecha de um sorriso amigável, e isso era tudo.
Discordar seria um erro.
—Sim, Mestre Dreardel.
Hector se calou, e partiu, sob o olhar
pesado do Mestre.
***
Poderia ter voltado à sua casa. Poderia ter
meditado sob a calmaria das nuvens, assistido às águas da fonte central, orado
para a divindade, buscado por respostas nos incontáveis cleros que se diziam
oráculos. Não o fez.
Encontrou Mestre Sagan nas proximidades,
circundado por monges de Iberin, atônitos por sua presença. Não se conteve.
Chamou por seu nome, sem abusar do
respeito, e contou suas visões a ele.
***
Fora humilhado, perante todo o seu
povoado.
Mestre Sagan gargalhou, uma exaltação de
sua sabedoria, os súditos que o acompanhavam zombando em murmúrios. O povo o
baniu, pela vontade do Mestre, e então retornou à sua casa, choroso pela raiva,
sem respostas, sem vontade. Quase desejou que Iberin caísse sob o veneno de
seus vislumbres, mas o shidaismo pregava uma educação que Hector respeitava, e
mantinha.
—Hector, acalme-se —pediu Lia, carícias
nos cabelos do amado.
—Ninguém acredita —bufou. —Se for
verdade —
—Esqueça disso, por enquanto
—interrompeu. —Se for verdade, saberemos, e se arrependerão de duvidar de teu
conhecimento. Nós, por outro lado, estaremos preparados. —Estendeu os braços,
abraçou, o calor de seu corpo apaixonando o monge, os problemas destruídos. —Eu
te amo.
—Eu a amo muito, Lia.
—Vamos às cordilheiras? —Sorrindo, como
da primeira vez.
Concordou, e o céu claro irradiou uma
trilha de passos para o casal, as mãos unidas, os sorrisos fervorosos, uma
conversa animada que afastava os espectros da preocupação.
O ar cheirava a plantas, flores,
natureza.
E morte.
***
As cordilheiras de Iberin estavam secas,
um verão de calmaria e serenidade, os campos revelados pela temperatura
agradável, mesmo que fria. Eram montes de um branco singelo, quando inverno,
mas agora a grama e a terra se mostravam altivas, o cheiro das plantas e das
flores deslizando pelo ar como um perfume de natureza. Lia era apaixonada por
aquilo, talvez mais do que por Hector, e ambos se sentiam unidos, por mais que
separados pelos campos montanhosos da nação. Shidis abençoava aquelas terras, e
a safira estampava o céu, somado ao alvo das nuvens macias e à extrema esfera alaranjada
que era o sol.
—Veja —apontava a esposa, os lampejos
rutilantes do sol forçando-a a estreitar os olhos, os dedos guiando a lugar
nenhum. —Não existem problemas, Hector. A vida é bela, e Iberin nos acolhe em
conforto, como o abraço aconchegante de uma mãe amável.
—Mas a melhor de todas as mães será
você, Lia —o monge sorriu, e a pureza do momento inundou seus olhos.
—Teremos uma linda camponesa, não
concorda?
—Ou um grandioso homem de punhos —o pai,
o orgulho do filho na mente.
—Chega de guerreiros. Basta o pai.
—Nunca bastam —ríspido.
—Uma linda camponesa, Hector
—repreendeu. —Para cuidar das flores e dos pássaros, e da vida, apenas.
Refletiu. Sentiu-se como um louco, e se
arrependeu.
—Pois bem —ao fim. —Uma camponesa.
Contanto que seja tão linda quanto a mãe.
Sorrisos, e beijo, o silêncio como uma
música esplendorosa, o canto das aves agudo e sincero, um canto de felicidade e
amor, acima de tudo.
Não havia problemas. Não havia nada que
pudesse abalar aquele momento. Eram eles, Hector e Lia, e nada mais. As
cordilheiras eram, e para sempre seriam, o palco daquela união, daquela paixão
incondicional.
Sozinhos, perdidos no fervor da atração,
falharam ao sentir o que se aproximava.
***
Doze.
Talvez fossem mais, mas doze eram o
suficiente. Malignos, sombrios e ásperos, apoiados nos bastões de caminhada,
chutando as rochas conforme arrastavam as pernas mórbidas. Vestiam-se como
Hector, como os monges de Wangkor, os tecidos esbranquiçados cobrindo a pele
cinzenta e exótica, sem evitar o mau cheiro que se espalhava, contaminando a
natureza das cordilheiras. As crias de Zurt proliferavam pela maldade, de
acordo com a vontade de seus mestres, seus conjuradores, e por eles morreriam,
sem medo.
Por eles, matariam, sem hesitar.
Executores, seus nomes. Mortos, de olhos
serenos e falsos, os apoios de madeira suspensos pelos braços raquíticos, que
escondiam força sem tamanho. Levantavam-se das tumbas pela arte negra da
necromancia, ao comando da malícia de um lorde da magia obscura.
Cercavam o casal, fitando o amor
absurdo, inacreditável. Aquele mal era banido da nação dos monges, e ninguém
acreditaria em sua existência. Hector, agora famoso pelas mentiras de suas
visões, jamais seria escutado. Abriu os olhos, ao fim do beijo da amada, e a
alegria se perdeu como um trovão, um estrondo de felicidade se calando num
silêncio mortífero e tenebroso. Lia silvou, um brado estridente pelo temor da
situação, buscou proteção, encontrou apenas nos braços do monge. Acariciou seu
rosto, declarou-se, livrou-se da esposa, pediu que se escondesse. Seria, como
prometido, seu protetor, a defesa que lhe custaria a vida, se necessário.
Lia correu para longe, encostou-se às
rochas, abraçou o vento, mas ele não a esquentava como Hector. Desesperou-se,
em pranto. Descobriu que saber é
muito pior do que ver. E sabia como aquilo tudo acabaria.
O guerreiro desarmado ergueu os punhos,
arfou, firmou as pernas trêmulas, a postura ensinada por Mestre Dreardel, desde
sempre. Ali, à frente de sua esposa, era um mago, mesmo que a magia não lhe
servisse. Era um paladino, mesmo sem armadura ou espada. Era um bárbaro, de
inteligência bruta como músculos.
Era invencível.
E mesmo isso não seria de grande ajuda.
***
Doze.
E cada um deles se transformou, a pele
enegrecendo, pouco a pouco, os olhos de mestres vermelhando pela ira, rutilando
de encontro ao sol, que já se preparava para partir. A pele se colou aos ossos,
apodrecendo pela noite que se aproximava, espalhando o odor de putrefação pelos
montes de Iberin. A madeira se rompeu, trincas revelando as lâminas escondidas
pela magia em ambos os lados do que antes fora um bastão, agora uma foice de dois
gumes, o fio demonstrando seu poderio mesmo à distância.
A brisa gélida arrepiou o que restara
dos fios de Hector, que se manteve impassível. Respirava, sem pressa, e cada
punho era uma arma branca, perfurante como lança, resistente como escudo. A
palma de ferro estrondou, e o primeiro golpe partiu daquele que deveria se
defender, e a pele se rompeu em sua fúria, o peito aberto vomitando vermes e
sangue esponjoso sobre o corpo do monge, a camisa de aço como sua única
proteção.
Salto, uma cabeça de degrau, ganhou as
alturas. Fincou-se no solo, como seta de arco e flecha, derrubou um executor,
desarmou, girou sua foice para longe. Chute, o corpo rodopiando veloz, pancada
que desregularia um cérebro, se houvesse. A lâmina curva rompeu o ar, uivou, a
lua derrubava a noite como uma cortina de teatro atrás de si. Estrelas
surgiram, em brilho, ofuscadas pelo chamejar das faíscas que saltaram do solo,
que se ergueu em rochas e poeira, mas a arma não encontrou seu alvo. Hector
estava ao vento, outra vez, agilidade felina predominante em seu combate, pernas
e braços tão afiados quanto o ferro que tentava lhe privar da vida.
Acima de Hector, um estandarte ilusório
se erguia, movido pelo sopro de uma aura inexistente. O dragão de riscos
azulados, as gemas rubras que eram seus olhos, uma bandeira que ostentava a
glória daquele homem, do guerreiro que lutava por sua honra, por sua família,
por seu povo, mesmo que este não acreditasse em suas palavras. Ali estava a
prova, que ninguém além dele próprio veria. Lia o admirou, ainda que o medo a
atormentasse. Sentiu-se apaixonada, outra vez. Acima disso, sentiu-se
orgulhosa, pelo exemplo de homem que era seu companheiro.
Manobrou, esquivou-se de um corte, errou
no segundo ataque, a lâmina arranhou seu estômago, cuspiu sangue, banhou-se
pelo vermelho. O cheiro da vida fresca fortaleceu os mortos-vivos, as línguas
mórbidas lambendo os lábios arroxeados, a pele exalando a secreção de sua
excitação. Nove, agora, que atacaram de uma só vez, Hector como um lince.
Guinchou, mudou o estilo de batalha, os punhos se abrindo, a defesa abandonada
pelo pânico. Golpe, derrubou um, afastou um segundo, atordoou o terceiro, dedos
perfurando os olhos do próximo.
Sentiu a vida exaurir, cuspiu sangue.
Encontrou o sangue no solo, e soube que era o seu. Ofegou.
—Hector! —Um grito, que talvez fosse de
Lia, mas não soube dizer.
Uma das foices trespassara a carne de
seu corpo, a ponta reluzindo pelo luar, através de suas costas, brilhosa e
mortal. O executor derrubou seu corpo, trouxe a lâmina para si, jorraram
órgãos. Presas, a fome de lobos vorazes, mordiscaram cada peça, cada canto do
corpo de Hector, que urrou. Lia chorava, as pernas impedindo-a de se aproximar,
a vontade inferior ao temor de perder a própria vida. Caiu, joelhos nas pedras,
e apenas assistiu, ouvindo os gritos, sentindo o cheiro da morte de seu amado,
a solidão preenchendo os seios, os olhos se fechando como ao término de uma
peça.
E Hector se viu morrer.
A dor lhe fez tombar, os olhos mortos e
foscos enxergando além do momento. Desejou dizer a Lia que a amava, que a
desejava como mulher para toda a vida, como mãe de seus filhos. Não conseguiu.
Ainda assim, não chorou. Não se permitira, o orgulho sustentando sua moral, sua
força de vontade. Viu escurecer, e não era a noite.
Era a morte, que enfim chegara.
O sangue deixou de cheirar. Os monstros
pararam de destroçar seu corpo. À frente, viu Lia, sozinha. Rezou por ela, e
estendeu os braços, Shidis acompanhando todo o trajeto. Rezou por Iberin, rezou
por Wangkor, rezou para que uma luz iluminasse os monges daquela nação, lhes
mostrasse a verdade, o perigo.
A dor parou.
***
—Ele foi um bom homem, Lia —a voz
surpreendeu.
Horas se passaram, e as cordilheiras
ainda eram lar para a camponesa, olheiras grotescas de uma tristeza sem
lágrimas, escassas pelo sofrimento. Mestre Dreardel a encontrou, na madrugada,
as mãos sábias tocando seus ombros. Ingênua, ergueu-se, abraçou o velho, se
tranquilizou.
—Os gigantes da montanha são cruéis,
minha cara —disse o Mestre. —Não devemos nos aproximar de suas terras.
Engoliu em seco.
—Não! —tartamudeava, exausta, a voz
manhosa. —Não foram os gigantes! Foram os executores! Eles...
Abraçou-a, e o sofrimento deixou de
existir. Por um momento, Lia era ela, alegre, contente, sem medo ou
arrependimento. Por um momento, esqueceu-se de seu nome, e de todo o resto.
—Minha jovem, não existem executores nas
cordilheiras. Os gigantes mataram Hector, tão próximo de suas furnas. Pobre
monge, não pôde se defender, não pôde protegê-la. Felizmente, nada lhe
aconteceu, Lia. Os gigantes a pouparam.
E Lia viu os gigantes matarem Hector, a
realidade diferente em sua mente, a confusão destruída pelos pensamentos que se
perdiam, de acordo com a vontade da magia que lhe tomava. Oprimiu os sonhos,
misturou as lembranças, perdeu-se nas memórias e nas ilusões. Saliva escorreu
por seus lábios.
—Lembra-se dos gigantes, Lia?
—Sim, Mestre —uma marionete.
—Uma triste história. Mas vamos. A vida
é bela, minha cara. Não deixe que a tristeza lhe abata. Erga seu rosto puro,
retome sua existência. Exiba sua beleza em Iberin, faça de seus dias mais
alegres.
—Sim, Mestre.
E se foi, sem olhar para trás. Não se
lembraria daquele dia, quando despertasse.
Não se lembraria de Hector.
***
—Precaução, Dreardel —a voz surgiu junto
do nascer do sol. —Os loucos sonham conosco.
—Acalme-se, Mestre —disse o velho de
Iberin, a posição de meditação tranquilizando-o. —Tudo segue como tínhamos em
mente. Shidis não poderá nos impedir, por mais que se esforce.
Risos.
—Assim espero. Não precisamos de mais
heróis como este jovem. —Dreardel concordou, os olhos ainda fechados. —Iberin,
Wangkor, e logo a Terra de Outrora.
—Os passos são vagarosos, meu Mestre.
—E precisos. Não desaponte o Naukara
Nilamani, Dreardel. —Malícia, num sorriso perverso. —A Conquista vem
sorrateira, feito um gatuno. A pancada é furtiva, e o shidaismo vai ceder sem
sequer entender o que lhe aconteceu. Não quero dragão algum em minha nação. Nem mesmo monges.
Dreardel abriu os olhos, a magia
cintilou, violácea, um vestígio que logo se desfez em brumas.
Ergueu-se, o corpo em ardência.
Respirou.
—Sim, Mestre.
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