quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Momentus - Recortes do Facebook ~ Outubro

Vamos aos escritos do mês de outubro?


OUTUBRO

Na vida, todo mundo passa.
Tem gente que passa e se vai, sem demora.
Tem gente que passa e não vai, mas enrola.
Tem gente que passa e estaca, se escora.
Tem gente que passa e fica, pra nunca mais ir embora.



Se o amor contagia, não deixa de ser doença.



Se a vida é feita de equilíbrios, os dias ruins que já se foram são peso para as maravilhas que ainda estão pra chegar.



Há uma imensa vontade de mudar o mundo, mas não antes da miúda vontade de mudar a si mesmo.



Quando o caminho da felicidade lhe trouxer sofrimento, lembre-se que as mais belas rosas têm no caule sofríveis espinhos.



Sob as águas do chuveiro, sob o conforto do travesseiro, nas janelas dos ônibus, nas esperas, no silêncio, nos sonhos e pensamentos; você.



Pelo ardor da existência, um mundo de violência só se cura com a inocência.



Ela esperou, e ele a fez sofrer.
Ela esperou, e ele a enganou, ludibriou, encheu a vida de mentiras.
Ela esperou, e ele se foi sem se importar, sem deixar vestígios.
Ela esperou e, um dia, ela cansou de esperar e decidiu viver.
E ele se arrependeu, voltou atrás, ajoelhou-se onde ela sempre esperava, mas ela não mais estava ali. Então ele decidiu esperar, mas já era tarde demais.
Ele esperou, mas ela nunca mais voltaria.



Não se deixe enganar com aparências: as mais belas prisões ainda lhe privam da liberdade.



Respostas para quem não tem perguntas, perguntas para quem não tem respostas.



As mais belas cores escurecem diante dos mais perversos sentimentos.



Ele ofereceu a ela um pincel que faria um único desenho se tornar real, e assim lhe disse que qualquer vontade, sonho ou anseio, por mais íntimo e egoísta que fosse, seria concebido nos traços daquela arte.
E ela, na ingenuidade, não tinha vontades, sonhos ou anseios por si mesmo.
Com o pincel mágico em mãos, ela rabiscou a tela em branco e, sem pensar duas vezes, desenhou um novo mundo, um mundo melhor.



Às vezes eu acho que preciso deixar uns hábitos para trás e me tornar mais 'adulto'.
Somente as crianças se preocupam com os outros. Os adultos se dão bem por egoísmo, porque sabem se preocupar somente consigo mesmo, sabem fingir que nada está acontecendo e dar de ombros quando algo de ruim acontece, sem procurar soluções por ter preocupações maiores do que baboseiras.
Somente as crianças acham graça em qualquer coisa. Os adultos levam a vida a sério, pouco aproveitam do lazer e das companhias, sempre focados no trabalho e na rotina, com miúdos momentos de piscadelas que lhes permitem esquecer o financeiro para cultivar o social.
Somente as crianças vivem a vida ao máximo. Os adultos não correm riscos, pois são muito adultos para arriscar. Eles não podem se dar ao luxo de viver tudo o que a vida garante, já que têm muito ao seu redor, muito nos seus bolsos e nas suas mãos, muito na mente e na língua. Perder não é uma possibilidade, é apenas um desleixo, um descuido, um problema. Vencer é o que importa, e não se vive ao máximo por se viver para a vitória.
É, às vezes eu penso que realmente deveria me tornar mais adulto.
Mas, ao pensar nisso tudo, prefiro deixar meus pensamentos de lado e esquecer de tudo em algumas horas de videogame com os amigos.



Eu gostava do tempo onde você era interessante pelo que era, não pelo que tinha.



Quando a simplicidade se complica, a complexidade simplifica o irremediável.



O ser humano é tão desacostumado à perfeição que, quando algo está perfeito, ele estranha e se afoba.



Completo no incompleto, finito no infinito, relógio circulando no encontro dos perdidos; voeja, desbrava, ajusta o “inajustável”, recorre ao irrecorrível, faz alarde no amável; confunde o que é certo, confia ao confundível, afoba no repouso e descontrola o inaudível; extremo, pacato, mundano e ativista, calmo, desesperado, sereno, tão pessimista; seja realidade, seja pura ilusão, pertence ao ser humano tão insana descrição.



Levanta a cabeça e respira fundo, sem marra, sem medo, recrie seu mundo.



Não há compaixão por quem vive sem glória
Somente uma chance de seguir adiante
Em frente, avante, mudando sua história



Pense em sua vida como um jardim. Você tem que cuidar de todas as flores, pois a beleza está em tudo o que o circunda. Ao se dedicar para somente uma flor, terá de se conformar com o fato de que mesmo as mais belas flores um dia hão de murchar.



-Hoje eu vou falar com ele.
Mas ela não falou.
Era um dia como todos os outros, e ele estava lá, no mesmo banco, sentado, sozinho, paciente. E ela também lá estava, não tão paciente, mas tão sozinha quanto. Em sua mente, aqueles olhos, aquele perfume, aquele sorriso.
-Amanhã eu vou falar com ele.
Mas ela não foi, e também não foi na semana seguinte, nem no mês seguinte, nem no ano seguinte.
Até ele desaparecer, e ela então se viu sozinha, e a solidão a consumiu.
Não era uma solidão desgostosa, ácida e revoltante, como aquela dos deixados para trás, dos abandonados, dos que ficam atirados no sofá enquanto a porta não se fecha pelo vento.
Era a solidão do erro, da insegurança, do medo de arriscar.
A solidão de quem tem toda a cachoeira à frente dos olhos mas desiste ao ver a água escapar por entre os dedos de suas mãos.



Não para sempre, pois o sempre tarda e se extingue; não para sempre, mas para o meu sempre, para o meu infinito, até que o finito extrapole e o fim nos leve, de mãos dadas, para o recomeço do ciclo. Não para sempre, não pela eternidade, mas por todo o tempo que eu quiser, que eu puder, que eu respirar.



Não para sempre, mas sim até o fim.



Que eu tenha cem anos no corpo, mas dez no espírito, pois não se move montanhas com os braços, somente com a determinação.



Não há muro que segure a força de um sonho.



Que esteja tudo em pedaços, que vivam todos nas dores, ainda estarei aqui completo, cercado de sonhos e cores.



Há quem foge dos medos e tomba; há quem queda diante deles e, ao se levantar, já é forte o suficiente para afrontá-los.



Desabe o mundo sobre tudo e todos; atingidos são apenas aqueles que se entregam pois, aos destemidos, tormenta alguma poderá fazer mal.



Antes molhar os pés na chuva do que se afogar no pranto.



Largue tudo, largue o mundo, largue os medos e receios, deixe apenas entre os braços quem lhe importa, quem ama e é amado, e só assim entenderá o significado de viver, de existir, e a complexidade de um simples beijo apaixonado.



Já era madrugada quando o telefone tocou. Ela acordou assustada, o frio era intenso, as cobertas fora de si. Atendeu, escutou chiados anormais, a ligação caiu. Praguejou e fechou os olhos outra vez, suspirando, e só sentiu-se calma novamente quando os braços de seu marido lhe envolveram num abraço quente e confortante.
Então, outro toque, e desta vez, ao atender, ela pôde escutar alguém dizer: -Você pode abrir o portão para mim? Esqueci as minhas chaves.
Era o seu marido, lá fora.
Mas então quem se deitava ao seu lado?



Nenhuma dor me impedirá de alcançar o que almejo.



Ao temer perdê-la, perdeu a si mesmo e, sem saber quem era, vagou na solidão até o fim de seus dias.



Ele ligou para a mãe num último instante de agonia, sem saber o que lhe perseguia, sem saber o que lhe apavorava. Disse a ela que a amava, e que não mais sairia daquele túnel, abaixo da ponte, mas não havia túnel algum. A mãe se desesperou e, ao som do último grito, acompanhou a polícia em buscas que jamais teriam fundamento.
Afinal, se sequer foram capazes de encontrar tal lugar, como pretendiam encontrar um rapaz desaparecido?



Caminhando por entre as árvores, o garoto encontrou uma criança perdida. A garotinha sorriu para ele e correu, cantarolando, e ele a seguiu, procurando ao mesmo tempo pelos pais desatentos que a deixaram vagar sozinha, em vão. Seguiu-a por horas e mais horas, e suas pernas sequer lhe respondiam às vontades devido ao cansaço. Quando parou, sentado num dos bancos de madeira cujo conforto era duvidoso, viu-a acenar além das árvores, e ali ela se desfez em pétalas, subindo junto da brisa para uma liberdade que homem algum jamais alcançaria.
E só então ele se lembrou de que era impossível haver uma garota perdida e uma família entre aquelas árvores.
Aquele era o seu jardim, e não um parque público.
Ele estava sozinho, como sempre esteve.



-Vai se esconder, mamãe!
E a mãe se escondeu, mas a garota a encontrou sob as cobertas.
-Outra vez!
E mais uma vez ela o fez, mas a garota era esperta, e logo a encontrou atrás das cortinas.
-É a última vez, mamãe, eu prometo!
E ela se escondeu uma terceira vez, alvejando o porão daquela residência que desconheciam. A garota procurou, mas nada encontrou em lugar algum. Procurou por horas, por dias, nada.
Arrependeu-se de dizer à mãe que aquela seria a última vez, mas ela realmente fora.



-A mamãe está me chamando.
A garotinha chorava. Seu irmão, como sempre, olhava emburrado para ela, os braços cruzados, a cara fechada.
-Não, ela não está.
A voz estava ali, além da porta lacrada.
-É ela, é sim! Ela está me chamando!
O garoto bufou, impaciente, e a garota chorou, temerosa.
-Desista. Ela não vai falar com você outra vez.
Com passos pesados ele se foi, deixando para trás uma criança preocupada, sedenta por carinho e por abraços.
-Ele não entende, mamãe, ele não consegue ouvir. Mas eu consigo. Eu posso ouvi-la me chamar. Eu posso ouvir a sua voz.
Ela se escorou à porta que ninguém mais abriria, e ali ficou, sonhadora. As lágrimas secaram, mas o pensamento não voejou: a voz estava ali, chamando por ela, clamando pela sua presença, mas ela ainda precisava aceitar a morte da genitora.



Ela movia montanhas com seus braços, enfrentava hordas com seus punhos e afrontava os maiores temores com os olhos abertos, sem hesitar. Ela determinava suas vontades, ela escolhia seus caminhos, ela passava por cima de todos os obstáculos sem ajuda, sem ninguém.
Mas, quando estava sozinha, ela chorava.
Chorava, não por ser fraca, não por ser frágil. Chorava por ser humana. Chorava por ser uma deusa, mas uma deusa tomada por emoções, violada por dificuldades, corrompida pela fraqueza; uma deusa sem poderes, sem vitórias, uma deusa caída. Chorava por se achar fraca, por não ver diante do espelho tantas quantas eram suas conquistas, por não ver além dos montes todo o orgulho que esbanjava.
E ele, postado na lonjura de tal momento, a viu.
Não como heroína, não como deusa.
A viu como mulher, como garota, como uma boneca de porcelana. Esteticamente perfeita, indescritivelmente fragilizada.
Assim ele a viu, assim ele a amou. Parte por ser imperfeita; parte por ser esta sua maior perfeição.
Sentado ao lado daquela menina, daquela mulher, ele a abraçou, mas não era ninguém, e ela chorou em seu ombro, desolada, incapaz sequer de esconder tua fraqueza. Sentado ao lado daquela garota ele conheceu os mais belos sentimentos, entendeu que, mesmo que nada fosse, tudo era para quem lhe importava.
E ela, imersa em seus braços, compreendeu.
Ela movia montanhas, enfrentava hordas, determinava suas vontades e escolhia seus caminhos, passando por cima de quaisquer obstáculos sem ajuda, sem ninguém.
Às vezes ela caía; às vezes ela chorava.
Ele estava sempre lá, de braço abertos, pronto para reerguê-la com um sorriso.



Não há chave do sucesso
Quando fechadura não há
Não recue, olhe adiante
O que queres já está lá



Sincero é aquele que mente
Mas mente pra preservar
A estética da semente
Que se preza a cultivar
Mentiroso aquele que nega
A verdade que repugna
Que aceita o espelho e despreza
A beldade que o ensina



Conheci uma cronista
E em mim algo despertou
Narrei junto dela, às vistas
Um conto que se prolongou
Hoje o romance despista
O amor que vivenciou



Entre chagas e espinhos
Um rumo há de se mostrar
Disperso em redemoinhos
Gritante, mudo, a bailar
Na valsa do amor nascente
Só a paixão se destaca
E com paixão vivo ardente
Sobrepondo em risos as estacas



Dentre os mais gritantes tempos
Um só ante a multidão
Cercado, sempre ao relento
Temendo tal solidão
Na solidão dos unidos
Mãos dadas são o remédio
De um silêncio estampido
Que reprime todo tédio



Escuro, vento soturno
O vento em choque ao muro
Brilhante manto noturno
Em nada além de um segundo
Encontro-me abandonado
Sozinho, tão desprezado
Nos cantos, amordaçado
Sempre preso, acorrentado
Nunca tive medo do escuro
Mas o escuro me faz tremer
Estendo as mãos, inseguro
Procurando por você
Silêncio, balada fúnebre
De um mundo de puro caos
Onde vivos habitam túmulos
E mortos são puro mal
Corro, tombo, me afugento
Evito de acreditar
Abraço o vazio tormento
Respiro a tranquilizar
Salto e grito, acordo assustado
Suor frio de pesadelo
Mas cá, você, ao meu lado
Afaga-me num só beijo



Eu dei as mãos para um anjo.
E ela era tão linda que eu sequer sei descrever. Fazia-me um bem fantasioso, conforme deslizava teus braços em meu corpo, teus frágeis dedos em meu rosto. Afagando meus cabelos, vi estrelas num mundo sem céu, e aquele era o paraíso.
Respirando com certa dificuldade, pois o ar me faltava, escutei aquela voz de perfeição acentuada cantarolar-me um amor infinito.
-Eu não quero acordar.
Meu pedido era impossível.
-Você não precisa.
Ela sorriu, angelical.
-Eu posso dormir para sempre?
Então ela me beijou, e eu a senti, quente e aconchegante, calorosa e apaixonante, e eu entendi antes mesmo que ela me respondesse.
-Não. Você já está acordado.



Há grandes coisas de pequena importância, bem como miúdas atitudes de enorme significado.

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