Saudade
Quando incompleto, de nada sente falta.
Quando completo, vazio se torna num
simples deslize.
Àqueles que tendem a duvidar da
credibilidade de um relacionamento, ouso apontá-los como os sortudos e azarados
que jamais sentiram saudades. Sim, saudades, aquilo que muitos citam, usam nas
rimas e nos filmes, mas poucos realmente sabem o que é.
Oito letras que te prendem num momento
inoportuno, que te tiram da concentração, te privam do desleixo, te forçam a
pensar num mesmo ser por todo o tempo. Ao piscar, ao respirar, é sempre ela, é
sempre a mesma, uma pessoa, uma presença, uma vontade de estar junto, um sonho
bom, um pesadelo ao se perder no fim do mundo.
E quando não se sente, não se sabe; e
quando tudo sabe, tudo sente.
É simples se apaixonar, mas nada simples
se guiar numa paixão. O amor pode te carregar ao íntimo do paraíso, e assim o
fará no tempo em que lhe for permitido, acentuando as sensações e a emotividade
de dois que são um, ou que podem ser muito mais. Complexo é viver apaixonado, pois
o amor lhe tira os pensamentos, torna-te impulsivo e hiperativo, faz com que
seu mundo seja um só, tenha nome, cor nos olhos, lábios que te fazem sedento.
Complexo é arriscar, é ousar, mas saber quando esperar, quando se deve sentar,
quando devemos assistir.
Mesmo àqueles que nada sabem, a saudade
troveja impiedosa.
Aos sortudos e azarados que a
desconhecem, meus parabéns, meus pêsames. Sem saudades, viverás muito melhor,
se me permite arriscar, mas viverá vazio. Azarado será aquele que nunca se
envolverá, que evitará toda a presença, toda a importância; sortudo aquele que,
antes de ver a vida passar na solidão, desperta para um novo ser, de novas
vontades e novos sonhos e, por mais que a saudade o assole, quando capaz de
amar, ele terá a prova de que, sem tal aperto no peito, sem tal sentimento ao
leito, sem a paixão que a todos guia.
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