quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Novo Livro + Prefácio

É minha gente, declaro oficialmente iniciado, depois de uma grande pausa nos trabalhos de grande porte, meu mais novo trabalho que almeja se tornar uma novela ou um romance. O nome provisório, Persona, vem do grego, e se relaciona a máscaras, em suma àquelas utilizadas pelos artistas em peças de teatro. A história é uma fantasia urbana com toques de drama e romance, mas conta com uma crítica camuflada nos capítulos, uma crítica à sociedade que vivenciamos atualmente, onde tudo tem dois lados e nada é o que parece ser.
Trago-vos hoje o texto que, provisoriamente, tornou-se o Prefácio desta nova história.


Prefácio


Há máscaras por toda parte.
Na realidade que nos circunda em tempos modernos, tudo é mascarado, tudo tem suas facetas. O amor se disfarça na atração, a amizade no interesse, princípios se perdem em desfechos, não mais existem meios. Presenciamos —e tomo por direito acreditar que alguém além de mim tenha notado tal fato —as alterações desenfreadas na estética da vida, que agora se torna mais importante do que a estrutura familiar, e tais mudanças deixaram rastros, cicatrizes que o mundo se mostra incapaz de restaurar.
E, neste exato momento, você talvez esteja se perguntando o porquê de tais palavras.
Persona, para os gregos, nada mais é do que uma máscara. Mas o que é uma máscara para os demais? Um simples equipamento que cumpre a mísera finalidade de esconder o rosto, cobrir os olhos e os lábios, mascarar a verdade? Uma máscara é mais do que isso. Uma máscara é um esconderijo, é um abrigo para as mais falsas realidades, para as mais reais mentiras, é um canto escuro que luz alguma pode iluminar. Uma máscara é o breu que nos impede de enxergar o que amamos e que, por vezes, está ali, abaixo das nossas narinas avantajadas, colado em nossos olhos inseguros e falhos.
Uma máscara é isso: uma máscara.
Tendo em mente as mudanças que os anos causaram no mundo, entendamos que há mascaras por toda parte, sim, e elas cumprem suas funções. Infelizmente, ao menos para mim, cumprem suas funções melhor do que muitas pessoas o fazem. Mascarando, é fácil fingir que tudo está bem, que eu não fiz nada de errado àquela garota, que aquele choro que ouvi não foi minha culpa, que palavras e atitudes não mudaram a vida daquele amigo que se afastou. Mascarando, é muito simples afastar adoráveis presenças por dinheiro e ambições, é muito fácil ignorar as perdas do caminho, os tropeços, as hesitações.
Mas assim é a vida, toda de Persona. Este texto que tem em mãos, agora, é nada além de uma crítica, uma revolta, uma filosofia, arrisco dizer. Enquanto refletimos sobre as máscaras que nos cercam, viajamos numa fantasia delicada, urbana e sugestiva, onde as coisas podem parecer simples, mas nada é o que parece ser. Enquanto viajamos num mundo que não é o nosso, desbravamos as fronteiras do irreal, afrontando o incomum e o mundano de maneira a compreender o incompreensível, ou não. A viagem é a mesma para todos, mas, para cada um, distintos são os ensinamentos.
Cá estou eu, como somente mais um mascarado, oferecendo-lhe a mão para guiá-lo por um passeio que talvez mude sua vida, ou talvez não mude nada.
Ah, sim, eu também sou um mascarado. Mas qual o problema disso?
Há máscaras por toda parte, de qualquer forma.

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