segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Resenha - Mil Nomes


Olá, companheiros!
Hoje escrevo sobre uma coisa que muito me chamou a atenção quando a encontrei por acaso na página da Revista Fantástica. Trata-se de Mil Nomes, de autoria de J. R. Pereira, citada como a primeira Light Novel nacional. Adquiri um exemplar diretamente da Editora Ícone, e logo tinha meu livro em mãos, admirando seu acabamento e os detalhes das páginas pockets da obra. Complementada com ilustrações de Marcia Harumi Saito, temos pouco mais de 200 páginas para nos aventurar pelo Supra-Mundo ao lado de Mil Nomes, Prahna, Ka Lan e Hector. Está afim de nos acompanhar nesta viagem?


Mil Nomes - O Guardião do Infinito é uma história complexa, muito mais do que você consegue acreditar ao ver as ilustrações belas e infantis presentes na Light Novel. Acompanhamos a morte de Hector, um garoto risonho e feliz, mas logo entendemos que este é apenas o primeiro passo para uma imensa aventura num espaço amplo e detalhado de vidas e mais vidas sem fim. Fora de seu corpo, em termos, Hector encontra Prahna, uma garotinha com um olho na testa, e Ka Lan, a personificação da morte, algum tempo depois. Juntos, o trio entende e "reaprende" tudo o que sabem sobre o Supra-Mundo, onde todas as vidas são interligadas e, de maneira muito mais conturbada, todas as pessoas têm consciências capazes de criar novos mundos. Aí começa a nossa história, coberta re reviravoltas, altos e baixos, deslizes por parte do autor ou da revisão, termos e nomenclaturas criativas e originais, tudo apresentado nas vistas de uma criança-herói.
Mil Nomes me parecia um livro nas 100 primeiras páginas, e outro livro diferente nas últimas 100. Não entendam errado, isso nem sempre é ruim. Destaco essa observação por notar o avanço no desenvolvimento da trama apresentado pelo autor após a metade do livro, tornando as passagens cada vez mais interessantes, algumas até mesmo chocantes e inesperadas. Os personagens ficam cada vez mais próximos, criando um laço aparentemente impossível de se romper, enquanto tentamos entender tudo o que se passa ao redor de suas vidas-além-da-vida. Acompanhando o texto de J. R. Pereira, podemos observar, conforme o desfecho se aproximar, a tentativa de tornar a história mais adulta, diferente da perspectiva infantil apresentada durante todo o restante da novela, o que caracteriza o crescimento pessoal de seu personagem, Hector. Numa teia de intrigas e possibilidades, vemos cada página se revirar na forma de um novo acontecimento, e então viradas súbitas e assustadoras num desenrolar acelerado, o que tira o fôlego após a "introdução" de 100 páginas lida há tão pouco tempo.


Não sei se, em minha personificação de leitor/escritor/admirador de Light Novels, poderia caracterizar Mil Nomes como este gênero oriundo do Japão. Diferente dos moldes japoneses (seguidos à risca na Light Novel A Balada do Caçador, apresentada gratuitamente aqui no blog), Mil Nomes utiliza o travessão para os diálogos, e as aspas para os pensamentos dos personagens. A escrita é em terceira-pessoa, mas há passagens com grandes descrições, o que não é ruim (muito pelo contrário, ajuda bastante o leitor a tentar entender a complexidade daquele universo enorme desenvolvido pelo autor), mas afasta um pouco o romance do gênero simples e ágil das Light Novels. Ainda assim, bailando junto das ilustrações, o texto nos carrega para o imaginário de maneira atraente, terminando com um sabor instigante de quero mais.
Se preciso deixar claro pontos negativos na obra, aponto aqueles que mais me importunaram durante a leitura: erros de revisão (gramática, digitação, travessão fora do lugar, coisas básicas, nada gritante), aceleração dos fatos, atropelamento de informações, muitos termos e nomes que forçam o leitor a memorizá-los, diálogos um tanto forçados em certas partes do livro. Como positivo, destaco a criatividade e originalidade do autor, bem como as belas ilustrações de sua companheira. Não é sempre que desbravamos um planeta existente apenas pela consciência e vontade de outra pessoa. Ponto para o J. R. Pereira pela ótima ideia!

Mil Nomes, nas últimas páginas, cita uma possível sequência, de subtítulo 'Sementes do Tempo'. Ainda há muito o que contar, mas não há previsão para o lançamento da continuação, o que deixa os leitores "orfãos", de certa forma. Fico na espera, ansioso para rever Hector e suas esposas tentarem divulgar os moldes das Light Novels pelo Brasil, teimoso em recusar esse estilo agradável de leitura. E você, vai ficar aí parado ou vai dar uma passadinha no site da Editora Ícone?
Até a próxima!

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