sábado, 7 de janeiro de 2012

Conto - Sem Remorsos

Olá, companheiros.
Trago hoje um conto mediano, com suas quase 3000 palavras, chamado Sem Remorsos. É baseado na música do Metallica de mesmo nome, No Remorse, e foi escrito originalmente para a antologia Sexo, Livros e Rock & Roll, da Editora Estronho, mas acabou ficando de fora.
Sem mais demoras, segue abaixo o conto.

O bipe das máquinas era tortura para a mãe, agarrada à filha, aos resquícios de sua vida.

Estirada sobre uma cama de hospital, descansava, o rosto simpático, um sorriso suave escondido no semblante inerte. Descansava há seis anos, desde seu acidente, e a mãe jamais descansou. Esteve sempre ali, ao seu lado, os dedos entrelaçados a sua razão de viver. O avanço da medicina permitia-lhe viver, mas não auxiliava em sua recuperação.

Seis anos, sem sinal de despertar. Medicamento algum era capaz de ressuscitar alguém marcado para morrer, o coma era apenas o sinal amarelo, o tempo de esperar a sua vez. A mãe sabia, mas não se deixava abater. Mantinhas as esperanças, ansiando pelo dia em que a filha voltaria a si, abrindo seus belos olhos, expressando sua vontade de viver num sorriso amplo e gracioso.

Mas não havia vontade de viver.

Era o que os médicos diziam, todos os dias, todo o momento. A garota não desejava voltar. Seu corpo recusava a ajuda, interferia nas máquinas, evitava a cura. A paciente não desejava a vida, e a medicina a obrigava a manter-se ali, sofrendo um tormento eterno contra sua dor, perdida nas lembranças, nos sonhos, nos pesadelos.

—Ela não vai voltar —disse um médico, num dia que ela não soube contar.

A mãe não desistia.

—Não há meio de proteger sua filha —palavras do mesmo homem que tanto a apoiou, que a mostrou um caminho, uma esperança. —Ela viveu o que lhe foi permitido. Quer descansar, agora.

Chorava, o pranto era um córrego, deslizando pelos olhos que ofereceu de herança à prole. O cabelo se misturava ao rosto, encharcado pelas lágrimas, mesclava-se ao suor de seu nervosismo. Na mente, lembrava-se da curva, do acidente, do carro tombado. Perdera o marido, o filho mais novo, a felicidade. Não poderia perdê-la também.

—Deixe-a partir —sugeriu uma doutora de olhos verdes. —Não mais suporta esta situação. Estamos aprisionando-a onde ela não deseja ficar.

Soluçando, a mãe se apoiou no corpo da filha, sentiu a respiração delicada, quase morta.

—Não posso perder você —choramingou, pensando alto, não se importou com os doutores. —Não posso viver sem você. —Os olhos eram sofrimento, olheiras enormes mostravam a insônia e a exaustão. —Me diga uma solução!

Um doutor pigarreou, encostou a porta atrás de si.

—Eutanásia —impiedoso. A mãe engoliu a dor. —Não há outra saída.

***

Enxerguei alguém no céu.

Tinha asas.

Era um campo vasto, tomado por flores coloridas, uma cachoeira caía distante, estrondando contra um lago límpido e perfumado. As árvores dançavam, movendo os galhos em ângulos estranhos, tentavam alcançar o sol fervoroso com sua folhagem verdejada. Plumas deslizaram pela brisa, silvando junto da melodia do entardecer, senti vontade de dançar como as árvores. Não podia. O crepúsculo me presenteou com sua beleza, fez-se um clarão no céu. Olhei para o alto, vi olhos claros, azuis como o lago, pele de bebê. Vi asas, alvas e macias, elas me abraçaram numa carícia.

Era um anjo.

Vestia uma túnica delicada, a qual protegia sua pureza, mas não havia timidez. O tecido era largo, caía sobre suas pernas, a pele surgia entre frestas miúdas, pálida e serena. O cabelo era um ninho de caracóis dourados, brilhava junto da estrela que nos iluminava, quis tocá-lo. Mesmo que longe de minhas mãos, sentia a maciez de seus cachos, a fragrância de seus fios. Acomodei-me, respirei com prazer fora do comum, preenchi meu peito com a paz que exalava de seu corpo celestial.

Tentei me livrar de seu abraço, falhei. Era quente, mais do que o sol poderia ser, fez meu corpo suar. Os braços finos e femininos cheiravam como rosas, as plumas brancas alisaram minha pele, eriçando os pelos. Minhas pernas tremeram, vivas. Tentei me levantar, não pude. Mesmo tocado por um anjo, ainda era incapaz, e a cadeira de rodas privou-me de meus sonhos, de meus desejos, de minha vida.

Senti o tremor de meus músculos, os nervos num esforço repentino. Tremia, parte pela excitação do contato com aquele filho da perfeição, parte pela vontade de me superar. Forcei os braços, as rodas metálicas escorregaram no gramado úmido, o anjo não me deixou cair. Senti seu corpo sobre o meu, o toque, a vida. Joguei meus fios negros para trás, limpei o suor do rosto, fechei os olhos. Toquei a natureza com um dos pés descalços, senti o verde me molestar, permiti. As cócegas me fizeram rir, só então percebi que as sentia. Sentia a diversão, as pernas, a capacidade.

Então, me levantei, e a cadeira de rodas partiu, sozinha, para longe de mim. Em pé, mesmo que trêmula, me agarrei ao ser angelical, ainda temia o chão. Ele me ofereceu apoio, conforto e tranquilidade, uniu meus lábios aos seus, os olhos se fecharam. O medo se foi.

Estava ali, sobre as pernas que nunca pude usar, sentindo a umidade da terra, a sujeira do mato. Parei de hesitar, livrei-me do abraço divino, o anjo não se importou. Abri os braços, tinha equilíbrio, nada restou do medo. Caminhei, um passo, então outro, e um terceiro. Corri, tropecei nos primeiros instantes, então não mais, e corri como a criança que era, gargalhando e brincando e vivendo.

Aquele era o meu mundo, perfeito, como desejei.

Lá fora, eu morria. Não me importava.

Fechei os olhos, a escuridão me tomou, não mais vi árvores. A luz surgiu com fulgor, agitada e amigável, esquentou meu corpo. Levantei-me, sabia andar. Ouvi o ronco dos motores, os carros aceleravam, apressados. Derramei lágrimas, não soube dizer o motivo. Quis chorar, me segurei, a felicidade por poder caminhar era superior. As pernas me obedeciam, mas não a tristeza, e ela escorreu em meu rosto com pesar.

—Saia da frente, maldito!

—Pare de buzinar!

—Morram todos!

—Saia da minha frente!

Era uma avenida movimentada, o solo pavimentado usado como pista de corrida. Ninguém se respeitava, ninguém escutava o apelo dos demais. Cada um, dentro de seu veículo, vivia para si, e para mais ninguém. Batiam, destruíam o metal de seus automóveis, esbarravam em motociclistas, lançavam seus corpos ao ar. O fogo surgia, crepitava em frenesi, os destroços fumegavam de maneira assustadora. Então, um homem limpava a tudo, e os outros voltavam a correr, e aceleravam, sem pensar, e então batiam, e outra vez, e outra, e outra.

—Tirem essa sujeira da rua!

—Sumam daqui!

Ao meu lado, um ganido me assustou. Agachei-me, abaixo dos destroços dos automotores, que trespassavam por meu corpo como fariam a um fantasma. Eram gatos, pomposos e peludos, escondidos nas sombras dos escapamentos. Um deles estava estirado no solo, atropelado por dezenas de carros, o corpo jazia sem vida. O outro, maior e mais lento, não abandonava. Arriscava-se naquele local, sem temer aos demais veículos. Acariciava o corpo do amigo, lambia-o, empurrava-o com o focinho, implorava. Por dentro, conseguia ouvir seus pensamentos. Entre miados e lamúrias, entendia-os, e os lamentos de Não se vá! e Não me abandone, pai! me castigaram. A dor daquele animal me tomou, fez meu peito arder; cobri os seios com as mãos, sentindo o coração palpitar, descontrolado. Busquei pensamentos bons para afogar meu sofrimento, não encontrei. Talvez não houvesse.

Senti vontade morrer, mas já morria.

Despertei de uma piscadela, estava em uma casa. Encontrava-me sentada em uma poltrona, talvez no centro de uma sala de estar, o estofado me serviu com aconchego. A lareira à minha frente estalava em chamas, deixava a fumaça espiralar, cheirando a marshmallows. Toquei meu corpo, era eu mesma, senti minhas pernas. Levantei-me; naquele momento, não desejava me sentar nunca mais. Caminhei, vagarosa, e temia aquilo que encontraria.

Ouvi gritos.

Eram garotas, gritavam apavoradas. Segui as vozes, tateando as paredes de tijolos para me guiar. Abri uma porta qualquer, encontrei a mãe dormindo, o travesseiro sobre os ouvidos: não queria escutar. Sabia da verdade, mas não desejava vê-la. Escondeu-se em sua cama, deixou que as filhas gritassem, não se intrometeu.

Encontrei-as no cômodo seguinte, e o cheiro de sangue me nauseou. Eram três, a mais velha tinha sete anos. Sangravam. A caçula, pouco maior que três verões, estava amarrada por cordas firmes, o corpo sacudia no teto do quarto, gotejando sangue dos cortes em seu corpo. A irmã do meio chorava a um canto, os olhos inchados por pancadas, os joelhos dobrados entre os braços num gesto de proteção. A mais velha estava atirada em uma cama, nua, as pernas arreganhadas, o sexo coberto pelo fedor de seu padrasto, que a estuprava. Gritava, e assim faziam suas irmãs, e então a tortura.

—Calem a boca, vadias!

Queimava-as com cigarros, cortava seus corpos ingênuos com facas e navalhas, socava-as sem hesitar. Forçava o membro para dentro da garota, a pele recoberta por sangue, o hímen rompido com violência, de maneira grotesca e precoce. Ouvia os gemidos, eles me fizeram sofrer. Ouvia, além dos gritos das garotas, o choro da mãe. Escutava as filhas gritarem, pedia a deus para que elas pudessem viver, superar, esquecer. O homem as violentava, destruías suas infâncias, suas existências.

Eu assistia, sem poder evitar. Por vezes, senti vontade de vomitar, ou mesmo de atacá-lo, impedi-lo. Não o fiz, pois de nada adiantaria. Era apenas uma visão, um castigo para meus olhos. Podia andar sobre minhas pernas incapazes, pois aquele era o meu mundo, irreal e perfeito.

Por que via aquelas coisas, então?

Desejei não ver, pedi pela perfeição, implorei para que os gritos parassem. Nada. Tormento, pânico, pranto. O sofrimento era eterno.

Vi-as por dentro, e as vozes ribombavam, ecoando na imensidão de seus corpos juvenis. Me deixe viver!, pedia uma delas, Devolva os meus brinquedos!, gritava outra. Quero minha inocência de volta!, implorava a mais velha, Quero viver!

E, ainda que tudo aquilo ocorresse, desejava viver. Eu, em meu mundo, não me importava com a vida.

Começava a entender.

Caí no vazio, pai e filho caminhavam, as mãos dadas. O palco era uma calçada de cimento áspero e disperso, onde poucos caminhavam. Um homem os seguia, touca no rosto, arma na mão. Um assaltante.

Abordou-os, pediu por dinheiro, o homem não tinha. Vi em seus olhos a humildade da família, as dificuldades, os sacrifícios que fizera pelos filhos. O ladrão gritava, o garoto chorou, o pai tremia, sem reação. Em momentos de nervosismo, a mente falha, e assim aconteceu. O homem se revoltou, reagiu, tentou desarmar. A pistola disparou, sem mira, abriu o peito do pai, o sangue manchou o rosto do filho. O assaltante pegou a carteira que desejava, sem saber que estava vazia, correu para sua liberdade. O pai tombou, sangrava muito. Deitou-se na calçada, ninguém ofereceu ajuda. O filho se ajoelhou ao seu lado, urrou pelo pesadelo a que era submetido.

—Pai! —em desespero. —Pai!

O homem agonizava, tossia sangue, mas não chorou. Em seus últimos segundos, agarrou a mão do filho, beijou-a, melecando a pele com seu sangue.

—Não sofra —balbuciou. Arfava. —Você tem que viver. Você tem que viver...

—Pai!

Vi além, e o garoto morria por dentro, perdendo aquele a quem mais amava. Perdia aquele que sempre o acompanhou, que lhe mostrou a vida, o ensinou a andar, a falar, a viver. Acariciava o cabelo do pai, mas por dentro, era ele quem precisava do carinho. Chorou, sozinho no mundo, enraiveceu-se, gritou. Pude ver sua dor, não soube definir. Vi, dentro do filho, a vontade de viver, sem o pai, mas pelo pai. Não praguejou contra a vida, pelo contrário. Praguejou contra o mundo, decidiu que seria alguém, que seria diferente, que tentaria trazer a mudança. Quis a vida, não a morte. Quis viver, e viveria.

—Eu te amo, filho...

Fechou os olhos e, nos braços do garoto que criara, morreu.

Chorou, como criança, como menina. Recompôs-se, levantou, foi embora.

Queria viver.

Senti o toque do anjo, suas asas se dobraram sobre meu corpo. As pernas falharam, tropecei no lugar, me segurei em suas plumas. Levantei-me, olhei em seus olhos, sorri, mesmo que não soubesse como era um sorriso. O mundo ao meu redor brilhava, tomado pelo sol, pela vida.

—O que você quer? —o anjo me perguntou, e sua voz era um cântico. Senti aquela aura me circundar, um agrado em minha pele, em meus ouvidos, em meu rosto. Deitei-me no vento, abri os braços, deixei que o ar me levasse para o céu.

Pensei.

—Quero viver —enfim.

***

A sensação era terrível.

A mãe via a filha na maca, sem chances de se recuperar. O corpo jazia, inerte desde anos atrás. O rosto ainda era belo, mesmo que abatido pelos medicamentos. Ver aquilo era terrível, mas nem de perto tão ruim quanto ter os botões que mantinham sua filha viva nas mãos.

—Basta que acione esse botão —disse o doutor.

—A escolha é sua —disse uma médica.

Mas não era.

Nunca escolheria a morte por sua filha. Era pressionada, entretanto, por aqueles que lhe mostraram, um dia, que havia esperanças. Agora, apontavam a desistência de sua filha, mostravam as reações de seu corpo, provas de que desejava morrer. Jamais seria capaz de um ato tão banal, tão terrível, mas não tinha escolhas. As palavras da médica eram uma mentira macabra, uma falsidade tenebrosa. Não tinha escolhas. Sua filha morreria, mais cedo ou mais tarde, não havia um modo de trazê-la de volta. Acionar aqueles botões adiantaria sua morte, extinguiria a vida artificial que levava. A deixaria livre para escolher, por si só, se desejava a morte ou a vida.

Não havia vida.

—É o melhor que pode fazer —disse um terceiro médico, encostando a mão no ombro da mãe. —É o que ela quer, também.

Talvez fosse. A medicina era avançada, e os estudos mostravam que a filha se recusava a lutar. Parecia entregue à morte, como se apenas aguardasse sua chegada. Esperava na janela pelo esqueleto e pela foice, e então se jogaria em seus braços, implorando pelo fim daquela dor.

—Faça.

Não teria coragem.

—É a melhor escolha.

Impossível.

—Acabe com este sofrimento desnecessário.

Quis morrer no lugar da filha, mas não era capaz. Não servira nem mesmo para se sacrificar, no fim. Era inútil, e pagaria por suas fraquezas vivendo sozinha, perdendo todos aqueles que amava.

—Faça.

Chorou, esperneou, debateu-se, por dentro. Por fora, impassível.

Fez.

***

O mundo ao meu redor ruiu.

O sol desabou, junto das nuvens e do céu, e então as árvores e as flores. O anjo se foi, me deu as costas, me abandonou. Estava sozinha, e tudo escureceu, sem aviso. Senti o corpo gelar, a alma se repartir ao meio. Vi que estava acabando.

—Não!

Levantei-me, corri, aproveitando das pernas que me serviam. Fugi da escuridão, do fim. Queria viver, lutaria por isso. Enfrentei os pesadelos que tentavam me aprisionar, empurrei os obstáculos para longe, fugi do breu. A noite me perseguia, devastando tudo às minhas costas, não me importei. Baixei os olhos, respirei fundo, continuei a correr.

Ao meu lado, vi tudo.

O felino relutava sobre o corpo sem vida de seu companheiro, miava para o céu, choramingava. As filhas gritavam pelas ingenuidades, roubadas pelo tirano que era o padrasto, a mãe fingia não saber por não poder intervir. O filho chorava a morte do pai, em sua frente, um trauma que jamais superaria.

E todos eles desejavam viver.

Eu também.

Caí, o solo abaixo de mim desmoronou, me segurei no branco, fugi do escuro. Subi numa plataforma albina, me atirei para a avenida dos gatos, não havia carro algum. Passei por dentro da casa das garotas, a lareira estava apagada. Saltei por uma janela, caí sobre o sangue do pai assassinado, não havia mais ninguém. Estava sozinha, no fim, e o escuro me cercava.

Estava morrendo, mas queria viver.

—Não!

Mas já era tarde.

Tive minha chance de desejar a vida, não o fiz. Entreguei-me, sem forças para lutar, deixei que a fraqueza me torturasse. Agora, pedia pela vida, mas ela já estava perdida. O mundo oscilava ao meu redor, o meu mundo, o mundo que chamei de perfeito. Fora perfeito, como ousei ordenar, mas fora passageiro. Temporário, pois não lutei quando era hora, não enfrentei os problemas. Passageiro, pois abandonei minhas esperanças, minha vida, e tudo o que tinha.

Tudo ao meu redor escureceu.

Por último, vi minha mãe.

***

Abri os olhos, tudo era turvo.

Lá estava ela. Chorava, entre diversos homens de branco, chorava sobre meu corpo. Vi máquinas apitarem, mostrando a todos a vida que escapava por entre meus dentes. Minha mãe se surpreendeu, saltou sobre mim, me abraçou. Ouso dizer que seu abraço, naquele momento, fora melhor do que o toque de um anjo.

Queria dizer muita coisa. Queria dizer que a amava, que ela era tudo para mim, que ficar bem sem minha presença. Queria pedir que superasse as perdas, que seguisse sua vida, que tivesse forças para continuar, mesmo sozinha. Queria dizer que era linda, que estava linda, que era a melhor mãe do mundo. Queria rezar por sua saúde, por sua glória, por seus dias, por sua vida. A voz me fora tirada, e nada disse. Já era tarde.

Sofri, não por morrer. Sofri por entender que tive a chance, e me entreguei. Dei valor quando tudo já estava perdido, e de nada adiantou.

—Eu te amo, filha! —ela gritava, pude escutar. Por dentro sorri, mas não creio que meus lábios tenham me obedecido. Senti uma lágrima escorrer e, esta sim, sabia que era real.

Eu te amo mãe.

Não disse, mesmo que tenha tentado.

Já era tarde. Aceitei o erro que cometi, levei-o comigo para a inexistência, sem medo.

Sem remorsos.

Até a próxima!

Nenhum comentário:

Postar um comentário