sábado, 4 de fevereiro de 2012

Espelho da Juventude - Trechos

Olá, companheiros!
Postagem também curta, trazendo um trecho de outro romance já concluído, chamado "Espelho da Juventude". Esta é uma outra história medieval, também ambientada em Elhanor, enviada para algumas editoras mas ainda aguardando respostas e um novo trabalho sobre o texto. Sem mais demoras, acompanhem o pequeno trecho escolhido para esta postagem:

Acima de Albus, de Elhanor e dos planos, as Águas de Prata mostraram outras cenas, e elas não eram importantes.
—O que achas, minha deusa? —perguntou a Décima, provocante, a voz soando feito uma tentação.
—É uma boa garota —concordou a deusa. Seus olhos, nesse momento, já estavam tomados por uma angústia sem igual, o veneno destruindo seu corpo por dentro. —O que há em seu futuro?
A Nona puxou um fio enfeitiçado das Águas de Prata, e o enrolou nos dedos com suavidade, farejando sua extensão enquanto estudava-o.
—Grandeza —disse ela, roçando a pele escura no fio do que ainda está por vir. —Sucesso e falha. Vida e morte. Sonhos que se formam, sonhos que se destroem. Grandeza...
—E em seu passado?
A Morta puxou outra linha, e essa embaraçou nos dedos esqueléticos da terceira irmã, que arregalou as lacunas de seus olhos para a linha espectral, farejando-a com o terror que eram suas monstruosas narinas. Confundiu-se, estudou, mas não parecia encontrar uma resposta. O fio do que já se foi deslizou por suas mãos mórbidas, e tocou seu rosto cadavérico, e ela então gritou, apavorada, estourando todas as linhas que tocava com um urro estridente que fez incontáveis nuvens ao redor da deusa explodirem, limpando o céu azulado e afastando diversos sóis.
—O que você vê, Morta? —perguntou a Décima.
—Qual é o passado, irmã? —a Nona.
A Morta chorou, e seu choro era histérico, apavorado e humano. Não parecia a imortal que era, vazia e obscura como sempre fora. Parecia uma criança frágil, um jarro de vidro numa estante em uma tempestade, um rato num covil de leões famintos.
—Morta? —chamou a deusa, quando a terceira se acalmou. Abriu seus olhos, agora ainda mais assustadores, e derramou lágrimas de ouro derretido.
—Ela deve ser capaz —murmurou Morta, a voz tão suave que chegava a parecer medo. —O mundo será grato à vossa divindade, ó senhora da juventude. Duas vezes.
—Talvez ela não seja a melhor das opções —refletiu a Décima, e a deusa hesitou. A Nona não sabia o que pensar. A Morta vira demais.
E a escolha foi feita por outra pessoa.

Até a próxima!

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