Eu escutei vozes em minha casa.
Estavam em todos os lugares. Na
banheira, na piscina, ganindo na minha cama. Arrepiei-me ao pensar no quão
ousado eram os estranhos. Homens são dotados do som, do sussurro, do murmúrio,
do ruído.
Mas eram incômodos, como
crianças. Crianças sujas, barulhentas, emporcalhadas pela sociedade.
Retirei suas línguas e as
enterrei, então joguei os corpos num poço. Não mais me atrapalhariam, nunca
mais tais tolos manchariam minha tranquilidade.
No fim, senti pena.
Quando eu morri, não foi tão
doloroso assim.
Tome cuidado, portanto. Você não
quer ser a voz que incomoda alguém, quer?
Ou será você a escutar vozes?
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