Tirei a tampa do bueiro para
observar um novo mundo.
Sempre tive medo dos outros. Desde os primórdios temi os
seres grotescos, nauseantes, as criaturas que não sei nem mesmo como descrever.
Assim sendo, abracei os meus, vivi os dias tradicionais que meu povo era capaz
de propiciar.
Agora, na curiosidade, ousei me
aventurar numa nova descoberta.
Livre da zona de conforto,
encontrei crias deturpadas, destruidoras do próprio lar. Encontrei a
tenebrosidade em seus olhos, o descontrole em suas mentes. Fitavam-me com
temor, mas não se mostravam acuados. Era um temor que me ameaçava, como se
fosse eu, o meu povo, a coisa horrenda que eles nunca entenderiam.
Longe de meu lar, encontrei
monstros que nem mesmo os pesadelos conseguiriam reproduzir. Apavorei-me com a
essência perturbada de suas almas, então recuei, retornei à minha moradia. Os
esgotos não fediam tanto quanto eles.
Afugentei-me, rastejando minha
pestilência para nunca mais encontrar tais atrocidades. Mas eles viriam atrás
de mim, logo soube. Como monstros, que caçam e destroem tudo aquilo que
desconhecem.
Malditos sejam, homens.
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