quarta-feira, 28 de março de 2012

Sociedade Desassociada

Olá, companheiros!
Dessa vez, trago-vos uma letra de música que fiz recentemente. Trata-se de 'Sociedade Desassociada', uma crítica compulsiva para a nossa união, que é a mais desunida que eu conheço.
Segue a letra:

Sociedade Desassociada

Abro os olhos para a minha realidade

Que já foi banhada por tanta falsidade

Restos de um passado enganoso e mascarado

Crianças nas ruas se esquecem da idade

Garotas miúdas, pura vaidade

Tentam maquiar o que já é tão maquiado

Infância perversa, deixada para trás

Jovens prematuros, rápidos demais

Não amadurecem, mas já pensam em crescer

Hábitos de adultos, muita hipocrisia

Nobre sentimento em meio à rebeldia

Jogam-se dos prédios, exaustos por viver

~

Nessa sociedade toda indecente
Tola, emporcalhada, tão inconsequente
Todos que inspiram, julgam-se viventes
Sobras do volúvel, pobres dependentes

Vivemos num mundo violado por pecado

Onde o pensamento morre aprisionado

Tantos patrimônios que não valem nada

Tanta sociedade desassociada

~

Amigos, amigos, negócios a parte

Quero meu dinheiro, foda-se a arte

De que me adianta o que não me provém riqueza?

Na rivalidade do cotidiano

Troca-se o bom dia pelo eu te amo

Todos desejando o mesmo tipo de beleza

Esse que te abraça traz consigo a arma

Que não tira sangue, mas fere na alma

Corta as emoções sem que deixe cicatriz

O marido amado, sorridente, traidor

A esposa bela, exaltando seu amor

Casal de teatro, ator e atriz

~

Nessa sociedade toda indecente
Tola, emporcalhada, tão inconsequente
Todos que inspiram, julgam-se viventes
Sobras do volúvel, pobres dependentes

Vivemos num mundo violado por pecado

Onde o pensamento morre aprisionado

Tantos patrimônios que não valem nada

Tanta sociedade desassociada

~

Aperto as mãos de alguém que quer me derrubar

Forço um sorriso, mas anseio por chorar

Como disfarçar o que está tão revelado?

Caminho nas ruas, em preocupação

Sentimento nulo de perseguição

Quando na verdade todos seremos caçados

Por alienados de gestos banais

Jogados em jaulas, como animais

Mesmo relutando com vivacidade

Deixo o meu pranto encharcar meu rosto

Vivo nessa trilha, imerso em desgosto

Rezando pra um dia ver outra realidade

~

Nessa sociedade toda indecente
Tola, emporcalhada, tão inconsequente
Todos que inspiram, julgam-se viventes
Sobras do volúvel, pobres dependentes

Vivemos num mundo violado por pecado

Onde o pensamento morre aprisionado

Tantos patrimônios que não valem nada

Tanta sociedade desassociada

~

Espero que gostem! :)
Até a próxima.

Textos - Sorriso

Sorriso

Hoje encontrei um sorriso tão belo

Mais radiante que o sol amarelo

Impressionante, solene, singelo

Bobo e charmoso, alegre em teu elo

Hoje encontrei um sorriso tão quente

Tão chamativo, tão cheio de dentes!

Irrelevante, sincero, ardente

Que me envolveu de maneira atraente

Hoje encontrei um sorriso provido

Da maciez dos cabelos compridos

Surpreendente, suave, amigo

Lindo e real, tão desinibido

Hoje encontrei um sorriso que fez

Toda minha noite brilhar de uma vez

Com seu aconchego, sua lucidez

Que leva aos homens a insensatez

Hoje encontrei um sorriso finito

Interminável, porém, tão bonito!

Tua alegria me traz tal agrado

Hoje sorrio por ter-lhe encontrado

domingo, 25 de março de 2012

Perfeita Imperfeição

Um dia, busquei defeitos em meus amigos.

Todos estavam lá, todos estendiam as mãos

Guiavam-se por abraços, tomados por impulsão

Amavam-se em falsidade, sorriam de coração

Percebi que eram tolos, nada mais que ilusão

Perdi todos.

Então, busquei defeitos em minha família.

Com laços de um sangue quente, tão gélido quanto o chão

Envoltos num mar de rosas, paisagem de um só verão

Amigos obrigatórios, singelos gestos de mão

Mesuras tão eloquentes, me enchem de escravidão

Afastei-me.

No canto escuro do mundo, luz alguma há de chegar

Pois minha vontade turva é um mistério a sombrear

Prisão em total liberdade, solitária na multidão

Permitem-me abrir os olhos, fitar minha constelação

Decidi caçar meus próprios defeitos.

Qualidades e virtudes, centelhas de imensidão

Amores frios como neve, ardentes como um vulcão

Tufão de emoções violadas rastejam em podridão

Em minha busca incansável da perfeita imperfeição

Olhei minha imagem no vidro; assustei-me.

Ter de volta o que importava, tarefa tão exaustiva

Rotina a ruir por nada, destroços, monotonia

Reergo-me como fênix; jamais postei-me aos joelhos

Pois o mais justo dos sábios busca defeitos no espelho

Olhos Aquosos

Veste-me em teu leito azulado

Gélido e umedecido

Em teu cabelo comprido

Poucas ondas, como um lago

Saída da raiz tremulante

Finita e interminável

Do mar salgado, deplorável

Inerte e bruxuleante

Braços franzinos, suaves

Dedos tão minuciosos

Na harpa, o canto do ócio

Que me enche de vontades

Do mais salgado dos lares

A mais doce criatura

Munida de tal mesura

Capaz de romper os pares

Busco em tua escultura

Por pés de curvas torneadas

Mas tua cauda perolada

Ilustra-me em formosura

Rezo perdido em teu canto

Num fantástico cinismo

Disposto a quedar no abismo

Sem dor, sem medo, sem pranto

Lábios de mel revoltosos

Amável pele de areia

Nos braços de tal sereia

Deleito-me com olhos aquosos