domingo, 25 de março de 2012

Olhos Aquosos

Veste-me em teu leito azulado

Gélido e umedecido

Em teu cabelo comprido

Poucas ondas, como um lago

Saída da raiz tremulante

Finita e interminável

Do mar salgado, deplorável

Inerte e bruxuleante

Braços franzinos, suaves

Dedos tão minuciosos

Na harpa, o canto do ócio

Que me enche de vontades

Do mais salgado dos lares

A mais doce criatura

Munida de tal mesura

Capaz de romper os pares

Busco em tua escultura

Por pés de curvas torneadas

Mas tua cauda perolada

Ilustra-me em formosura

Rezo perdido em teu canto

Num fantástico cinismo

Disposto a quedar no abismo

Sem dor, sem medo, sem pranto

Lábios de mel revoltosos

Amável pele de areia

Nos braços de tal sereia

Deleito-me com olhos aquosos

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