sexta-feira, 13 de abril de 2012

Sexta-feira 13

Olá, companheiros.
Está cada vez mais difícil arrumar tempo para trazer novas postagens para o blog, mas enfim, ele ainda está ativo, podem esperar por novos textos em breve! Enquanto isso, nessa sexta-feira 13 adorável que nos acolhe, que tal curtir um pequeno texto sobre as sombras e o que nela existe?
Espero que gostem!



Mesmo com o sol, jazem as sombras, e algo nelas se move.
Rasteja, corrompe, incomoda, suspira. Murmúrios clandestinos numa vida que era minha, mas hoje nada é meu, pois nada tenho por nada ser.
Sinto cheiro de sangue, um sangue que já foi meu.
Alguém, ou alguma coisa, se aproxima.
Seja o que for, que seja cego, que não me veja! Deitado em meu manto de terror, aguardo até que o ruído se afaste, até que o perigo se afugente, mas ele está ali, ao meu lado, tão perto quanto o calor de uma respiração.
Mas sua respiração é gélida.
Me congela, me espanta, me arrepia. Corrompe.
Sinto gosto de sangue.
Metálico, sujo, tenho vontade de cuspir. Quero abrir os olhos, mas eles já estão abertos, tudo além é escuridão. Sombras de um dia de sol, sombras numa tarde de verão.
Sombras.
Posso ver o sangue.
Ele está ali, fora meu um dia. Agora, não mais. Não meu, não de ninguém.
Da vida, da morte, de tudo.
De nada.
Minha pele está congelada, o sangue não mais circula. Ainda assim, não morri. Resta-me a essência, resta-me o escombro, destroços de um castelo de corpos e destinos. Não mais tenho uma vida, mas tenho alma, e aquilo que se aproxima não a tem.
Ele rasteja até mim, e nada é além do que eu já fui.
Uma vida, uma morte, um tudo.
Agora, nada.


Até a próxima!

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