domingo, 15 de abril de 2012

O que tenho?

Eu tenho tanto.

Eu tenho tudo.

Eu tenho todos, mas não tenho ninguém.

Abraço a possibilidade, nada além de uma oportunidade do silêncio na vivacidade de um afeto envolto em vaidade.

Encontro um povo tão receptivo, todo alegre com seus belos sorrisos, que citam fontes, tantas sem juízo, e pronunciam-se como amigos.

Tenho abraços, beijos, tenho o mundo, mas o vazio é assim, tão moribundo; um silêncio que me é gritante, bem contente, bem apavorante.

Sento-me inerte, louco de vontade de alegrar a todas minhas inimizades, ao recusar toda sagacidade de seus simplórios atos de maldade.

Amigos de todos, não é o suficiente, exigem mais do que a nossa gente tem em mente, hoje tão demente, criando grupos isolados e viventes.

Sorrir para todos os lados, estar no meio; a simpatia dá lugar ao traiçoeiro, e assim me atiro num recorte de receio e lacro a porta, parte a parte, de um inteiro.

Eu tenho tanto.

Eu tenho tudo.

Eu tenho todos, mas não tenho ninguém.

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