Veste-me em teu leito azulado
Gélido e umedecido
Em teu cabelo comprido
Poucas ondas, como um lago
Saída da raiz tremulante
Finita e interminável
Do mar salgado, deplorável
Inerte e bruxuleante
Braços franzinos, suaves
Dedos tão minuciosos
Na harpa, o canto do ócio
Que me enche de vontades
Do mais salgado dos lares
A mais doce criatura
Munida de tal mesura
Capaz de romper os pares
Busco em tua escultura
Por pés de curvas torneadas
Mas tua cauda perolada
Ilustra-me em formosura
Rezo perdido em teu canto
Num fantástico cinismo
Disposto a quedar no abismo
Sem dor, sem medo, sem pranto
Lábios de mel revoltosos
Amável pele de areia
Nos braços de tal sereia
Deleito-me com olhos aquosos
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